O secretário-geral do PS fez esta quarta-feira a primeira série de reuniões com as forças parlamentares de esquerda, começando com o Livre logo de manhã e terminando ao fim da tarde na sede do Bloco de Esquerda.
Além de António Costa, a delegação foi constituída pelo presidente do PS, Carlos César, pela secretária-geral adjunta socialista, Ana Catarina Mendes, e pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.
Desta vez, será António Costa a deslocar-se à sede dos partidos com quem vai dialogar sobre condições de estabilidade governativa a partir do novo quadro parlamentar saído das eleições legistas de domingo.
António Costa começou o périplo às 10h00 na sede do Livre, onde esteve reunido com Rui Tavares, líder do partido, e com Joacine Katar Moreira, deputada por Lisboa eleita para o Parlamento.
"O Livre entende que não está disponível para acordos bilaterais", disse o primeiro-ministro em declarações aos jornalistas no final da reunião com o partido. Ainda assim, o partido recém-chegado ao Parlamento mostrou-se disponível para trabalhar em conjunto com os socialistas em várias áreas em que os dois partidos convergem.
Ao final da manhã, António Costa deslocou-se à sede do PAN, na Avenida Almirante Reis, onde se encontrou com o deputado André Silva.
No final do encontro, André Silva mostrou a disponibilidade do partido em criar "acordos pontuais" com o futuro Governo socialista.
"Nós estaremos disponíveis, à partida, para aprofundar aquilo que é uma relação com o partido socialista, quer em processo legislativo, quer ao nível do Orçamento de Estado"
Ao início da tarde, pelas 14h00, o líder socialista esteve na sede do PEV. No final da reunião, o
secretário-geral do PS destacou a disponibilidade do PEV para proceder a apreciações prévias conjuntas em matérias como orçamentos ou moções de censura, embora afastem a assinatura de um documento conjunto de legislatura, como em 2015.
Seguiu logo de seguida para a sede do PCP, pelas 16h00.
Jerónimo de Sousa afirmou que se mantém disponível para negociar "caso a caso" com o PS e que o seu compromisso é com os trabalhadores. Costa afirma que ninguém fechou portas e que pretende trabalhar em conjunto com o PCP.
Às 18h00 foi a vez do Bloco de Esquerda, terminando a série de encontros.
Já com os dados que resultarão destes primeiros encontros com as forças parlamentares de esquerda e com o PAN, António Costa terá na quinta-feira uma reunião da Comissão Política Nacional do seu partido para analisar as perspetivas de governabilidade ao longo da próxila legislatura.
Na noite eleitoral de domingo, o secretário-geral do PS disse ser seu objetivo formar um Governo estável de legislatura, repetindo entendimentos políticos com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV, e alargando-os agora a forças como o PAN e o Livre.
No entanto, caso uma solução alargada no horizonte de uma legislatura se revele inviável, o líder socialista admitiu governar com acordos pontuais, dizendo que então teria de "trabalhar dia-a-dia" para manter a estabilidade política no país.
Esta ronda inicial de conversações, na quarta-feira, aconteceu já com António Costa indigitado primeiro-ministro pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na segunda-feira, o Presidente da República afirmou que "se for possível em termos de tempo" espera ainda hoje, terça-feira, "receber em Belém o primeiro-ministro que vier a resultar em termos de indigitação da audição dos partidos" com representação parlamentar, que serão ouvidos ao longo do dia.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, existe "uma razão de urgência", que é a realização de "um Conselho Europeu muito importante para discutir o `Brexit´", nos dias 17 e 18 deste mês, quinta e sexta-feira da próxima semana.
"Conviria que o primeiro-ministro indigitado ouvisse os partidos numa composição diferente do parlamento, portanto, já deste parlamento acabado de eleger, sobre os temas europeus, antes da tomada de posição no Conselho Europeu", considerou o chefe de Estado.