Morreu o Manuel Andrade Guerra. Estava a caminho do Jantar dos Conjurados, mas não chegou lá. Ficou de fora de mais uma comemoração da restauração da independência de Portugal liderada pela Casa Real de Bragança. A Pátria (e a sua histórica expressão monárquica) era uma das suas causas.
As outras prendiam-se com Deus e a Família. Os seus interesses tanto estavam ligados às grandes tradições populares (caso da tauromaquia), como às mais excelsas expressões artísticas (caso da ópera).
Trabalhamos juntos cerca de 20 anos. Começou quando partilhávamos a chefia de Redação do "CM" nos anos 80, primeiro na Rua Ruben A. Leitão e depois na Mouzinho da Silveira, em Lisboa. Ele tinha chegado com o que chamava a sua coroa de glória – ter feito parte dos "saneados (do José Saramago) do DN [Diário de Notícias]". Nos anos 90, já na Av. João Crisóstomo, partilhamos a Direção, de que ele foi adjunto. Separamo-nos em 2001 por força da orfandade que sucedeu à venda do jornal.
Acabamos por seguir caminhos diferentes e não tivemos oportunidade de reatar o companheirismo de tantos anos. Mas recordo a sua bonomia, a sua formalidade, o seu culto da ordem, a sua capacidade didática. Era uma pessoa confiável e segura. Fazia tudo com rigor, às vezes excessivo. Completava-me na minha forma mais "desarrumada" de fazer as coisas e de expressar as ideias. A sua morte levou algo indissociável da minha vida.
Agostinho de Azevedo
(ex-diretor do CM)