O corpo de José Eduardo dos Santos foi recebido com euforia e choro, este sábado, na capital angolana, Luanda, numa altura em que o país está em contagem decrescente para as eleições Presidenciais desta semana.
Os restos mortais do ex-Presidente de Angola têm sido disputados em tribunal ao longo das últimas semanas por duas fações da família: de um lado, Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opõem à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama e que são contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições de 24 de agosto para evitar aproveitamentos políticos. Do outro, a viúva Ana Paula dos Santos e o seus três filhos, que também reivindicam o corpo e são favoráveis a uma cerimónia fúnebre em Luanda, apoiada pelo regime angolano.
Após a longa quezília familiar e judicial, o tribunal decidiu-se pela atribuição do cadáver à antiga mulher, autorizando a transladação para Angola, por considerar que o antigo chefe de Estado do país africano morreu de causas naturais.
No entanto, depois do anúncio, os filhos mais velhos de ‘Zédu’ assumem que desconheciam que o corpo tinha sido entregue à viúva. Segundo a advogada dos irmãos, havia ainda recursos por decidir em tribunal, embora não tivessem efeitos suspensivos, nem tivesse havido qualquer notificação judicial. “Alguma coisa aconteceu. Uma das partes não ter conhecimento disto é estranho, para qualificar a situação de alguma forma”, disse a advogada Carmen Varela.
Em comunicado, o MPLA, partido do poder em Angola, justificou que “as filhas andaram distraídas (...), estavam na praia a fazer desfiles de moda”, disse o porta-voz, Rui Falcão, acrescentando que o funeral deverá realizar-se no dia 28 de agosto, data em que José Eduardo dos Santos completaria 80 anos se fosse vivo.