Várias cidades brasileiras, incluindo diversas capitais de estado, tiveram grandes panelaços (conjunto de pessoas a manifestarem-se com a ajuda do barulho de panelas) contra o presidente Jair Bolsonaro na noite desta terça-feira, em protesto contra a forma irresponsável como o presidente do país tem tratado a pandemia de coronavírus.
Os panelaços foram atos espontâneos de cidadãos de todo o país que se articularam pela Internet para mostrarem a sua revolta contra o governante.
Desde o início da pandemia de coronavírus, Bolsonaro tem minimizado a gravidade da situação, chegando a dizer na semana passada que a crise mundial na verdade era uma fantasia inventada pela imprensa. Domingo, contrariando recomendações dos seus médicos e os conselhos do seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cuja luta contra o coronavírus tem sido unanimemente elogiada, Bolsonaro foi a um ato em apoio ao seu governo realizado por simpatizantes em Brasília e cumprimentou e abraçou manifestantes.
Esta terça-feira, em duas novas declarações que provocaram indignação, Bolsonaro comparou o coronavírus a uma gravidez, afirmando que passa logo, e depois criticou as medidas restritivas adotadas por governadores em vários estados contra a pandemia, avaliando que eles estavam a boicotar a economia do país e que iam prejudicá-lo. Esta quarta-feira, Bolsonaro garantiu que o segundo exame que fez para detetar coronavírus tinha dado igualmente negativo, tal como o primeiro, apesar de 15 pessoas que o acompanharam semana passada na viagem aos Estados Unidos estarem com a doença.
Até esta quarta-feira, o Brasil já confirmou mais de 350 casos de coronavírus, com uma morte pela doença já confirmada e tendo outras sete sob suspeita. Os casos uspeitos, que ainda precisam de análises laboratoriais para serem confirmados ou rejeitados, pularam desta terça para esta quarta-feira de pouco mais de dois mil para quase nove mil.