O caso do comboio que viajava esta terça-feira entre Valência e Zaragoza, em Espanha, e que foi apanhado no meio de um incêndio no leste do país, está agora a ser investigado depois de terem surgido nas últimas horas várias versões sobre o que aconteceu ao certo. Os passageiros afirmaram que a maquinista pediu para abandonarem as composições. Já a Renfe, a ferroviária espanhola, garante que não foi informada sobre "possíveis acidentes" na linha que impedissem a passagem da composição.
O comboio viajava na região de Valência na noite de terça-feira, quando a maquinista decidiu inverter o curso devido ao incêndio que avançava na cidade de Bejís, mais a leste.
Alguns passageiros decidiram abandonar o comboio quando este ficou parado no campo e chegaram a partir janelas para escapar, segundo as autoridades. Pelo menos 11 pessoas ficaram feridas, três com gravidade. A bordo seguiam 49 pessoas.
Sabe-se agora que os testemunhos dos passageiros não coincidem com as declarações da empresa ferroviária.
"Éramos 60 e as nossas vidas estiveram sempre em perigo. O que não compreendemos é porque é que aquele comboio deixou Valência quando o incêndio tinha começado na noite anterior. Estavam cientes do que estava a acontecer durante todo o tempo", afirmou uma das passageiras, Virginia, ao jornal El Mundo.
Segundo a mesma testemunha, e no momento em que o fogo tornou-se visível a partir do comboio, a maquinista garantiu que não haveria problema em passar pela zona. De acordo com relatos, a temperatura na carruagem começou a subir e o fumo a entrar. Perante este cenário, a passageira revelou que pediu à maquinista para agir. O trabalhador parou o comboio e tentou inverter o sentido de circulação. A maquinista terá puxado a alavanca de forma a imobilizar o comboio, pedindo aos passageiros para abandonarem a composição.
"O maquinista do comboio entrou em pânico e decidiu abrir-nos a porta. Ela disse-nos para fugirmos", revelou outro passageiro, Birjutan López à
Antena 3.
Já a empresa de comboios assegura que os passageiros foram sempre incentivados a não abandonarem as carruagens.
Segundo o jornal
El Confidencial, que cita fonte da Renfe, não receberam nenhum aviso da proteção Civil e da Agência de Emergência que justificasse a atitude da maquinista. De acordo com a empresa, na altura em que o comboio se preparava para atravessar a zona onde deflagrava o incêndio, a informação disponível para o ADIF (
Administrador de Infraestructuras Ferroviárias em Espanha) e para a Renfe não indicava qualquer incidente na linha.
Ao Europa Press, a Renfe indicou que a ADIF deu autorização para a saída do comboio de Valência "por não ter conhecimento de qualquer incidente na linha na zona".