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Milícia chefiada por Massoud combate talibãs no Afeganistão

Ahmad Massoud, apoiado por líderes militares, quer repelir os talibãs como o pai fez nos anos 90.
Francisco J. Gonçalves 22 de Agosto de 2021 às 01:30
Ahmad Massoud
Três distritos no norte do Afeganistão foram reclamandos pelo ministro da defesa do governo deposto
Ahmad Massoud
Três distritos no norte do Afeganistão foram reclamandos pelo ministro da defesa do governo deposto
Ahmad Massoud
Três distritos no norte do Afeganistão foram reclamandos pelo ministro da defesa do governo deposto
Os talibãs tomaram Cabul e mais de 90 por cento do resto do território afegão, mas persistem bolsas de resistência aos radicais. Parte dessas forças reclamou este sábado a conquista de três distritos na província de Baghlan, no Norte do Afeganistão. As regiões em causa situam-se junto do vale de Panjshir, onde o filho do histórico líder da Aliança do Norte, Ahmad Shah Massoud, chefia a resistência, composta por milícias armadas e antigos militares e ministros do regime deposto.

Os distritos conquistados foram Deh Saleh, Bano e Pul-Hesar, anunciou no Twitter o ex-ministro da Defesa, general Bismillah Mohammadi, que prometeu resistir aos radicais. Desconhece-se que forças estão envolvidas nessa ofensiva e se o ataque é coordenado com as milícias de Ahmad Massoud, filho do ‘Leão de Panjshir’. Aliado ao vice-presidente deposto, Amrullah Saleh, Massoud anunciou o início de hostilidades para combater os talibãs a partir de Panjshir, a mesma região de onde o pai resistiu aos invasores soviéticos e aos talibãs nas décadas de 1980 e 1990.

Num artigo publicado pelo ‘Washington Post’, Massoud reforçou que “está pronto a derrotar uma vez mais os talibãs”, mas pediu ajuda aos EUA, dizendo que a América “pode ser ainda um grande arsenal de democracia”.

A própria Rússia reforçou que os talibãs ainda não são donos e senhores incontestados do país. “Não controlam todo o território afegão”, afirmou o MNE russo , Sergei Lavrov.

Contudo, analistas militares e peritos na região consideram que Massoud não tem meios para oferecer resistência séria, até porque o vale onde se refugia a milícia tajique que lidera está cercado por territórios dominados pelos talibãs. Por isso alguns consideram que o objetivo da resistência será influenciar as negociações para formar governo e obter um acordo favorável à sua etnia.

Barreira para travar refugiados
O receio de uma vaga de refugiados do Afeganistão levou a Grécia a completar apressadamente uma barreira de 40 km na fronteira com a Turquia.

A Grécia foi o país da UE que sofreu mais com o impacto da vaga migratória de 2015, quando mais de um milhão de pessoas em fuga da pobreza e da guerra na Síria e noutros países do Médio Oriente cruzou a Turquia em direção à Europa. Cerca de 60 mil refugiados ficaram na Grécia.

Agora, com a tomada do poder pelos talibãs, "não podemos esperar passivamente pelo impacto", explicou o ministro grego da Proteção Civil, Michalis Chrisochoidis, dizendo que o objetivo é que "as fronteiras gregas permaneçam seguras e invioláveis".

EUA suprimem crítica de Macron à retirada
A Casa Branca suprimiu da transcrição de um telefonema entre o presidente Joe Biden e o homólogo francês as críticas de Emmanuel Macron à retirada do Afeganistão. Mas a transcrição divulgada sexta-feira pela França não deixa dúvidas.

Macron lembrou aos EUA a "responsabilidade moral" de retirarem para local seguro os milhares de afegãos que durante 20 anos arriscaram a vida para ajudar as tropas internacionais. "Não podemos abandoná-los", frisou Macron.

Contudo, a transcrição oficial da Casa Branca não fala de "dever moral". O que se destaca é que o presidente francês referiu "a importância de uma coordenação entre aliados e parceiros democráticos no Afeganistão" para que seja "prestada ajuda humanitária e apoio aos refugiados". Biden tem repetido garantias de apoio aos afegãos que apoiaram as tropas internacionais, mas ONG referem que só está prevista a retirada de cerca de 20 mil pessoas num total de mais de 80 mil.

LÍDERES RADICAIS PREPARAM NOVO GOVERNO
UE não reconhece novo poder talibã afegão
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