Um terrorista islâmico matou esta quinta-feira três pessoas à facada dentro da Basílica de Notre-Dame de Nice, no Sul de França. Pelo menos uma das vítimas foi decapitada pelo agressor, um imigrante tunisino de 21 anos que chegou à Europa há pouco mais de um mês e sem ligações conhecidas a grupos radicais. O terrorista foi atingido a tiro pela polícia e encontra-se detido no hospital.
O ataque ocorreu por volta das 9h da manhã (menos uma hora em Lisboa), pouco depois de a basílica ter aberto as portas. No interior encontravam-se apenas alguns fiéis e o sacristão, que foi o primeiro a ser atacado. As outras vítimas são uma septuagenária, que foi degolada enquanto rezava, e uma mulher na casa dos 30 anos. Esta última vítima, gravemente ferida, ainda conseguiu fugir da basílica e pedir ajuda num café, onde acabou por morrer. Segundo a polícia, pelo menos uma das vítimas terá sido decapitada, embora esta quinta-feira houvesse informações contraditórias sobre se teria sido a idosa ou o sacristão.
A polícia chegou ao local em poucos minutos e feriu a tiro o terrorista ainda no interior da igreja. Enquanto estava a ser assistido, o homem gritou várias vezes “Alá é grande”, revelou o presidente da Câmara de Nice, Christian Estrosi, que não conseguiu esconder a sua revolta. “Basta! Está na hora de a França se livrar deste islamofascismo de uma vez por todas”, afirmou.
O terrorista foi identificado como Brahim Aoussaoui, de 21 anos e nacionalidade tunisina. Chegou a Lampedusa, Itália, num barco com refugiados a 21 de setembro. O pedido de asilo foi recusado e recebeu ordem para deixar o país, mas as autoridades perderam-lhe o rasto.
Ataque no consulado francês de Jeddah
Um homem foi esta quinta-feira preso após esfaquear um segurança do consulado francês em Jeddah, na Arábia Saudita, num ataque que terá sido motivado pela recente revolta contra a França no mundo islâmico por causa da defesa das caricaturas de Maomé.
Homem ameaça polícias e é morto em Avignon
Cerca de duas horas depois do ataque em Nice, um homem ameaçou polícias com uma faca em Montfavet, nos arredores de Avignon, tendo sido morto a tiro. Inicialmente julgou-se que se tratava de mais um ataque, mas autoridades afastaram essa hipótese, afirmando que o homem sofria de problemas psiquiátricos.
Revolta contra a França no mundo islâmico
O ataque desta quinta-feira surge numa altura de grande tensão entre a França e o mundo islâmico por causa das controversas caricaturas de Maomé que estiveram na origem do atentado contra o ‘Charlie Hebdo’ em 2015. A polémica voltou a explodir após a decapitação do professor Samuel Paty, há duas semanas, por ter mostrado as caricaturas numa aula.
O presidente Emmanuel Macron lançou na altura uma veemente defesa do secularismo e da liberdade de expressão em França, incluindo o direito de publicar as caricaturas do profeta, gerando uma onda de revolta no mundo islâmico, com manifestações em vários países.
Um dos mais críticos foi o PR turco, Tayyip Erdogan, que apelou a um boicote aos produtos franceses e denunciou uma “nova Cruzada” contra o Islão. Na resposta, o ‘Charlie Hebdo’ publicou uma caricatura de Erdogan a levantar a burca de uma mulher, inflamando ainda mais os ânimos.
pormenores
“França atacada”
O presidente Emmanuel Macron disse que a França voltou a ser atacada por causa dos seus valores e garantiu que os franceses “não cederão ao terror”.
Alerta máximo
O governo decretou o alerta máximo contra o terrorismo e duplicou o número de polícias e militares nas ruas
Suspeitos detidos
A polícia deteve esta quinta-feira mais dois homens armados com facas em Sartrouville e Lyon.