Técnico do teleférico italiano que caiu admite que travão de emergência foi desativado por dinheiro
Três pessoas foram detidas por homicídio involuntário e negligência.
Ricardo Ramos
27 de Maio de 2021 às 09:02
O travão de emergência do teleférico que se despenhou no domingo nos Alpes italianos, causando a morte de 14 pessoas, tinha sido desativado após uma avaria, revelou esta quarta-feira a polícia italiana, que deteve três dos responsáveis pela gestão da estrutura, acusados de homicídio involuntário e negligência. Gabriele Tadini, responsável técnico do teleférico e um dos três detidos, admitiu que a decisão se deveu a questões económicas.
De acordo com o jornal Corriere Della Sera, o técnico confessou que a decisão de desativar o travão de emergência do teleférico se deveu a contínuas interrupções na circulação do teleférico, visto que este tinha uma avaria. Em vez de solucionar a avaria, que implicava parar a estrutura, desativaram o travão de emergência. Solucionar o problema e parar o teleférico implicaria "consequências económicas", por isso os responsáveis pela gestão da estrutura optaram por correr o risco que levou à morte de 14 pessoas.
O travão de emergência do teleférico visa imobilizar a cabine em caso de rutura de um dos cabos de sustentação. Foi o que sucedeu no domingo e, como o travão estava desativado, a cabina despenhou-se de uma altura de mais de vinte metros, esmagando-se na encosta abaixo e causando a morte de 14 dos 15 ocupantes, incluindo duas crianças.
Segundo as autoridades italianas, o travão de emergência foi desativado devido a uma avaria, que fazia com que a cabine estivesse sempre a travar. Em vez de fecharem o teleférico, os responsáveis decidiram desativar o travão por considerarem pouco provável que um dos cabos de sustentação se partisse. Os detidos são o gestor da empresa responsável pelo teleférico, o diretor e o diretor operacional.
Entretanto, o único sobrevivente do acidente, Eitan Biran, de cinco anos, recuperou esta quarta-feira a consciência no hospital. Está a ser acompanhado por psicólogos e por uma tia, que agora terão de lhe dizer que perdeu os pais, os avós e o irmão.
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