Dezenas de congressistas e senadores democratas e alguns republicanos exigiram ontem o afastamento imediato do presidente Donald Trump na sequência do ataque dos seus apoiantes ao Capitólio, considerado um assalto sem precedentes à democracia americana.
"O que aconteceu no Capitólio foi uma insurreição contra os Estados Unidos. Este presidente não pode continuar no cargo nem mais um dia", afirmou o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, acrescentando que se o vice-presidente Mike Pence e os membros do governo "não fizerem nada", o Congresso deve avançar de imediato para destituir o presidente. Vários congressistas democratas começaram já a circular possíveis artigos de ‘impeachment’ contra o presidente, mas há dúvidas de que o processo possa ser terminado em tempo útil, uma vez que o mandato de Trump termina dentro de 12 dias.
Por esta razão, está a aumentar a pressão sobre Pence e outros membros da Administração para invocarem o artigo 25 da Constituição que permite afastar um presidente "incapacitado" e substituí-lo pelo vice. É um processo mais rápido que o ‘impeachment’, mas não é certo que consiga ganhar apoio suficiente entre o núcleo duro de Trump, apesar de nas últimas horas se terem multiplicado os apelos nesse sentido de várias figuras do Partido Republicano como o congressista Adam Kizinger, que arrasou Trump no Twitter. "Todas as indicações que temos é que o presidente está desconectado, não só do seu dever e do juramento que fez de proteger a Constituição, mas da própria realidade", afirmou. Mike Pence, que rejeitou as pressões de Trump para travar a certificação da vitória de Biden e foi um dos alvos dos manifestantes que invadiram o Capitólio, está "muito abalado" com os ataques do presidente mas ainda não deu qualquer indicação sobre o que tenciona fazer. Caso Trump seja afastado, não poderá voltar a candidatar-se a eleições nos EUA.
Entretanto, desde quarta-feira que se sucedem as demissões na Casa Branca, com quase uma dezena de funcionários e conselheiros a anunciarem a sua saída, revoltados pela forma como Trump incitou o que alguns comparam a uma "tentativa de golpe de Estado".
Vítima de invasão era antiga militar
Foi identificada a primeira das quatro vítimas mortais da invasão do Capitólio. Trata-se de Ashli Babbitt, de 35 anos. Esteve 14 anos na Força Aérea e, na véspera da invasão, escreveu no Twitter: "Nada nos poderá deter. A tempestade vai descer sobre Washington".