A acusação da Operação Fénix evidenciou, sem margem para dúvidas, cumplicidades e ligações perigosas entre o mundo do futebol e do crime organizado, sobretudo na dimensão das conexões entre as cúpulas desportivas e as organizações de segurança privada.
Na verdade, o que surpreende não é a existência de grupos que procuram, pela força e sem olhar a limites de violência, obter o controlo da segurança da noite. Já o tínhamos visto em Lisboa com o grupo de Alfredo Morais ou Sandro Bala (atualmente foragido no Brasil) e é um fenómeno relativamente comum nas capitais europeias. O que projeta para outro tipo de gravidade é a associação a uma grande instituição de futebol, que dá a estes grupos criminosos uma crescente sensação de poder, importância e, consequentemente, legitimidade.
Os clubes de futebol precisam, é certo, de estar dotados de estruturas de segurança que sejam capazes de conter as diversas situações fora de controlo que várias vezes se verificam nos estádios e de garantir a proteção dos seus dirigentes. Mas não podiam entregar essa estrutura a grupos cujos métodos são reconhecidamente criminosos e que sabiam que atuavam fora da legalidade, por exemplo, quando se dedicavam à atividade de proteção pessoal ou de cobranças difíceis. Não podemos deixar de sublinhar, no entanto, a atitude de desafio à Justiça que representa não só a inexistência de qualquer comentário ou resposta por parte dos dirigentes do FC Porto em relação à acusação, como também a manutenção da SPDE como entidade responsável pela segurança do Estádio do Dragão, mesmo após os factos evidenciados por aquela acusação.
Na verdade, parcelas do submundo do futebol e da segurança privada habituaram-se, ao longo dos anos, a viver à margem do Direito. Convenceram-se da legitimidade das suas ações enquanto justiceiros privados. Cabe agora à Justiça repor a verdade do Estado de Direito Democrático: apenas a lei impera!
A personalidade: Sampaio da NóvoaDesconhecido da maioria dos cidadãos, partiu de uma base difícil e assume cada vez mais protagonismo à esquerda, revelando ser o verdadeiro adversário de Marcelo Rebelo de Sousa nesta campanha. Obrigou o ex-comentador a sair da zona de conforto e consenso nos debates e tem somado consecutivamente apoios de peso dentro do PS.
Mais - Enfermeiros: A eleição de Ana Rita Cavaco como Bastonária é uma lufada de ar fresco numa profissão que tem assistido a uma imensa sangria de profissionais para o estrangeiro.
Menos - Violência em casa: O ano de 2016 começou já com vários homicídios chocantes de mulheres às mãos dos seus atuais ou anteriores companheiros. O drama continua sem soluções à vista!