Não são cometidos dentro das quatro linhas mas têm um efeito devastador sobre o fenómeno do futebol e da paz social. Os crimes perpetrados com motivações clubísticas estão a degradar a vida cívica e desportiva em Portugal.
A morte de um adepto de nacionalidade italiana junto ao Estádio da Luz, na madrugada de sábado, veio apenas trazer para a ribalta a relevância de um problema por cuja resolução Portugal não pode esperar mais e a que os políticos não podem continuar indiferentes.
Sejam legalmente reconhecidas ou não, a verdade é que muitos se associam às claques com o único objetivo de cometer crimes. Desde enriquecer à custa da venda de bilhetes e t-shirts até ao tráfico de droga e de tabaco, muitos destes indivíduos estão, evidentemente, a aproveitar-se dos meandros de um fenómeno que apaixona milhões de portugueses. Outros, por voluntarismo ou estupidez, são apenas viciados em violência grupal e individual... e também lá vão parar!
Desde a morte de um adepto sportinguista no Jamor à bárbara agressão que pôs fim à vida de um benfiquista que celebrava o título em Braga, passando pelos inenarráveis cânticos das claques, este é um contexto terrível com o qual não podemos ser complacentes. Portugal tem de criar uma nova lei contra a criminalidade no desporto, onde homicídios e agressões graves com motivos clubísticos devem ser severamente agravados em termos de moldura penal. E onde a apologia do ódio ou da vingança contra outro clube ou seus dirigentes e adeptos – à semelhança com o que acontece com o terrorismo – deve merecer uma clara resposta penal e não apenas suaves admoestações ou avisos por parte das entidades desportivas. E, já agora, onde os dirigentes podem ser suspensos de funções ou mesmo impedidos de as retomar quando mais não façam do que contribuir para o clima de guerra desportiva em que vivemos. Os verdadeiros adeptos agradecerão.
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A personalidade: Marine Le PenA líder da extrema-direita francesa concentra os olhares do poder político europeu, não só pela resposta pronta aos ataques terroristas da última semana em Paris, como pelo apelo à saída de França da União Europeia. Tal como um comissário europeu já disse, a eventual chegada de Le Pen ao Eliseu suporia o fim do projeto da UE e um futuro de extraordinária incerteza.
Positivo: Dérbi SeguroApesar de algumas ocorrências e da tragédia junto ao Estádio da Luz, o dérbi disputado em Alvalade decorreu sem perturbações significativas. Mérito das forças de segurança.
Negativo: TerrorismoO terrorismo voltou a bater à porta da Europa, desta vez em Paris. A morte de mais um agente de autoridade mostra bem que este fenómeno ainda vai perdurar nos Estados europeus.