Há quase um ano que o PSD de Passos Coelho entrou em conflito, a princípio latente, e, depois, semi-declarado, com Marcelo Rebelo de Sousa.
Agora, tendo em conta que o assunto Mário Centeno se converte numa falácia, tendo em conta que Bruxelas aplaude e elogia as recentes decisões do governo português, a Direita, esta, despudorada, arvorou-se em defensora de toda a verdade. O caso tornou-se notícia pela negativa. E transformou-se numa venalidade indecorosa, sobrepondo-se à imposição dos valores.
Simplifico, desde já, como factor moral e depois de consideradas todas as faces da questão, que tenho admiração pela posição de Marcelo, e de tal forma que votarei nele, caso se incline para novo mandato.
Poucas vezes admiti o conceito de que todas as ideias se encontram no total das coisas.
Porém, o que está a ser delineado é uma perversão inqualificável, como se o grupo que, ocultamente, nele se apoia, reservasse toda a verdade. E a Imprensa e as televisões assumem um papel raramente visto, nem mesmo no tempo do fascismo.
A quebra de consciência crítica é um dos males deste nosso tempo, e a ausência de debate acerca do que nos está a acontecer constitui uma nódoa fortíssima nos desígnios da liberdade pelos quais os melhores de nós se têm batido.
Há quase um ano que Marcelo e o PSD de Passos Coelho estão em confronto por vários motivos, um dos quais, acaso o mais relevante, a consciência de não permitir que Portugal desça os degraus da subalternidade.
Neste caso, é extremamente saliente o papel desempenhado por António Costa, sempre apoiado pelo Presidente da República.
Se relacionarmos este assunto com a subida ao poder de Donald Trump, o significado estará em que a mediania mais grosseira se instalou na oposição, e que se resguarda numa agressividade perigosa.