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O dislate

António Costa não soube defender-se da trapalhada.

Baptista-Bastos 4 de Março de 2015 às 00:30

António Costa chegou, falou e disse. E causou intenso burburinho entre socialistas, afins e mais ou menos, ao afirmar que estávamos melhor do que há quatro anos. A afirmação foi produzida ante uma assembleia de chineses, que, sorridentes e obsequiosos, não perceberam nada das palavras de Costa. A direita, toda a direita, sobretudo a mais tola, rejubilou.

Exasperado, Alfredo Barroso, que nunca tropeçou no adjectivo, invectivou a «canalha» que está no poder no PS e «desvinculou-se» do partido que ajudou a fundar. Paulo Portas, cheio de volúpia no olhar, proclamou a seriedade de Costa e o seu patriotismo imarcescível que o impediam de dizer mal do país numa reunião com estrangeiros. Não há notícia de que foram trocados beijos por tão comovente depoimento e suas repercussões.

Não se trata, aqui, de discutir o mérito ou o demérito da asserção. Trata-se, isso sim, de dizer que António Costa mentiu com fragor. Portugal, desde que estes súcias e peralvilhos treparam ao mando, perdeu população, perdeu trabalhadores, perdeu uma geração de moços, perdeu bens e cuidados, perdeu onde dormir, onde viver e onde respirar sem medo – e, sobretudo, perdeu o sentido de pátria, que constitui a substância com que se constroem as nações. Portugal é, hoje, um crisol de dor, de sofrimento, de desespero e de infortúnio. Um lugar de exílio, para recordar um grande poema de um grande poeta e um saudoso amigo: Daniel Filipe.

António Costa não sabe? Bastou esta frase desalmada para que as sondagens recipitassem o PS para o limbo de todas as incertezas, e que levasse Passos Coelho a ambicionar ganhar as eleições com maioria absoluta. Uma dose substancial de simpatia, adquirida num partido dilacerado por atrozes contradições, penosos desvios à direita e, até, traições sórdidas, fora recuperada, por mérito de Costa mas, também, por exaustão na insistência nestas e em outras aldrabices.

Em segundos, a confiança dada, de mão beijada, ao secretário-geral do PS, desvaneceu-se. As críticas mais violentas e os comentários mais soezes ornaram António Costa, que não soube defender-se da trapalhada em que se envolveu por surpreendente inépcia. Ou a inépcia não será assim tão surpreendente?

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