“Gosto de escrever sobre as coisas mundanas, as coisas com que as pessoas comuns se identificam”
Em Dezembro do ano passado, fui convidado pelo ‘CM’ a escrever uma crónica semanal na revista de ‘Domingo’. Um convite que foi uma surpresa para mim e que foi desde o início um grande desafio. Aceitei com orgulho e aqui estou. Propus-me escrever sobre o que me rodeia no maior diário nacional, tal como o tenho feito, durante todos estes anos, na música.
O que mais me surpreendeu, confesso, foi o total voto de confiança que em mim foi depositado. Foi-me dada total liberdade para escrever sobre o que bem quisesse. Agora, passados mais de seis meses, tenho a perfeita consciência do que é a responsabilidade de escrever para o ‘Correio da Manhã’.
Tenho, felizmente, sido bastante congratulado pelos leitores, quer através de emails, quer através da minha página no Facebook. Dá-me um gozo imenso escrever estas minhas crónicas para os meus – arrisco dizê--lo – fiéis leitores.
Considero-me um cidadão informado. Ainda que tenha as minhas opiniões, faço por fugir das questões óbvias. Porque não sou jornalista. Não me cabe a mim dar notícias. Gosto de escrever sobre as coisas mundanas, as coisas com que as pessoas comuns se identificam. Aliás, perguntam-me sempre qual a receita para o sucesso das minhas letras. Não tenho uma receita, mas o facto de as pessoas se identificarem e sentirem que aquilo também lhes diz respeito deve ajudar.
Nestas últimas semanas, só se fala da Grécia e não há órgão de comunicação social que não tenha dado extensa cobertura. Mas prefiro, por exemplo, relatar a história de uma menina que escreveu uma carta para Deus depois do seu cão ter falecido ou uma história entre dois pacientes no hospital. Histórias inocentes, mas que podem pôr o sorriso na cara de uma pessoa.
Sempre com uma visão positiva sobre a vida. O meu objectivo é "thought provoking". Se conseguir deixar as pessoas a pensar sobre um determinado assunto e talvez conseguir mostrar uma visão diferente da que elas tinham como verdades absolutas, valeu a pena.
O ser humano tem, parece-me, uma irresistível atracção para o negativo. É por essa razão que, quando recebemos mil elogios e apenas uma crítica negativa, é na crítica negativa que nos concentramos. Eu aprendi, talvez por ossos do ofício, a assimilar as negativas e delas tirar apenas a aprendizagem para que me torne a cada dia que passa uma pessoa melhor e melhor profissional.
O sucesso da comunicação é da responsabilidade de quem comunica, ou seja, em caso de dúvida não são as pessoas que entenderam mal, fui eu que não me expliquei bem.
Normalmente, a diferença entre a opinião e a pizza, é que a
pizza foi pedida. Neste caso, também me pediram a minha opinião. Como diz um grande amigo meu: ‘Vale o que vale’.