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Carlos Moedas

Itália: o barato sai caro

Os problemas estruturais de uma economia não se resolvem magicamente se mudarmos o nome da moeda.

Carlos Moedas 21 de Junho de 2019 às 00:30

Esta semana as autoridades italianas voltaram a colocar a hipótese de criar um instrumento monetário que constitua uma alternativa à moeda única. A ideia seria emitir títulos de dívida pública sem a taxa de juro que tradicionalmente lhes está associada.

Estes títulos funcionariam como um meio de pagamento em transações que envolvessem o Estado, que controlaria inteiramente a sua emissão. Na prática, estamos a falar de uma moeda paralela que permitiria que a Itália saldasse parte das suas dívidas através da criação de dinheiro adicional.

Mas uma nova moeda é uma falsa solução para o endividamento. Os problemas estruturais de uma economia ou de um sistema financeiro não se resolvem magicamente se mudarmos o nome da moeda e com ela inundarmos o mercado.

Ficaram célebres as sucessivas bancarrotas da dinastia Filipina, que financiava os custos das suas guerras cunhando cada vez mais prata vinda da América Latina. Vemos também o que se passa hoje na Venezuela, onde os cidadãos carregam malas de dinheiro sem valor para poderem pagar a conta do supermercado.

As razões para tais desenlaces são fáceis de identificar. À medida que se aumenta artificialmente a massa monetária, gera-se uma inflação cada vez maior. Tal traduz-se numa quebra do investimento privado e numa fuga de divisas, tornando a dívida ainda maior do que antes. Paralelamente, as autoridades dos países aflitos vão perdendo credibilidade no mercado internacional, que vai exigindo taxas de juro cada vez mais elevadas para emprestar dinheiro.

Para além do insucesso que uma tal estratégia certamente acarretará, coloca-se a questão das regras europeias. Os membros da zona Euro não estão autorizados a emitir moeda própria.

Esta proibição deve-se ao facto de que as ações de cada Estado Membro produzem impacto sobre todos os outros. E por isso como disse, e bem, Mario Draghi: "Ou estamos a falar de uma nova moeda e tal é ilegal, ou é mais dívida pública para o país e a quantidade de dívida do país aumenta.

Não vejo outra alternativa." Só um caminho consistente de disciplina orçamental e aumento de produtividade poderá reforçar a credibilidade internacional da Itália e melhorar as suas perspetivas futuras. Para as estratégias milagrosas de que nos falam os seus governantes, aplica-se o velho ditado: o barato sai caro.

Universidades Portuguesas: O grande salto
Ontem reuni com representantes de várias universidades portuguesas em Bruxelas. Quando cheguei a Bruxelas em 2014, Portugal jogava de certa forma na segunda divisão do programa de ciência e inovação.

Entre 2007 e 2013, os cientistas portugueses receberam 500 milhões de euros do 7º Programa Europeu de Ciência, o que corresponde mais ou menos ao valor que Portugal contribuiu para este programa.

Mas, desde 2014 até hoje, Portugal já recebeu mais de 700 milhões de euros, e estima-se que até ao fim deste programa (2020) chegaremos à marca simbólica dos mil milhões de euros.

As nossas universidades estão cada vez mais conscientes da importância de marcar terreno em Bruxelas. E o mais extraordinário é que as universidades presentes em Bruxelas não são apenas os ‘suspeitos do costume’, mas também as universidades do interior do país e das regiões autónomas.

Aliás, a universidade que maior sucesso tem tido no nosso programa é a Universidade do Minho. E universidades como Aveiro ou Évora estão no top 10 das que mais investimento recebem.

Ou seja, não só estamos a participar melhor, como todos estão a beneficiar. São boas notícias para o nosso País.

Draghi: o homem que salvou o euro 
Ao celebrar-mos os 20 anos do nossa moeda única, é de justiça elementar reconhecer o papel do Presidente do Banco Central Europeu. Em 2012, uma frase sua foi o ponto de viragem na crise da dívida soberana europeia.

Esta semana, no Forum do BCE em Sintra, voltou a prometer mais estímulos para a economia.

Itália persegue voluntários de ONG
O governo italiano consti-tuiu arguido Miguel Duarte, um voluntário de uma ONG alemã, que ajudou a resgatar milhares de migrantes no Mediterrâneo. É acusado de auxílio à imigração e incorre numa pena de prisão até 20 anos. Um caso flagrante em que os nossos valores se colocam acima de qualquer lei.

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Foi o número de obstáculos que a UE removeu em 2018 para facilitar a vida das empresas em mercados estrangeiros. Num contexto de tensões e medidas protecionistas, as principais barreiras verificam-se na China e na Rússia, e relacionam-se com as áreas da agricultura e pescas, têxteis e vinhos.

Uma europa que...
Promove hábitos saudáveis através da prática de desporto, da alimen-tação, da inovação e da investigação. No ‘apelo de Tartu’ para um estilo de vida saudável, a UE assumiu 15 compromissos para combater os regimes alimentares menos saudáveis, a obesidade e a falta de exercício físico.

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