Em 2015 Alexis Tsipras ganhou as eleições legislativas na Grécia. É bom não esquecer a euforia da esquerda europeia e também portuguesa que viu nele um salvador.
Tsipras dizia o que todos queriam ouvir: não pagamos parte da divida, dizemos não à Europa, vamos contratar mais funcionários públicos e baixar os impostos.
Este era o plano maravilhoso de Tsipras que rapidamente esbarrou na realidade quando o seu ministro das Finanças chegou a Bruxelas e percebeu que não era com gritos e emoções que iria resolver o problema. Aliás só o agravou. O meu colega Pierre Moscovici descreveu Varoufakis no seu último livro como um egocêntrico que fez muito mal à Grécia. Isto dito por um socialista.
E por isso acho que temos de retirar algumas lições sobre o populismo de esquerda desta experiência governativa grega:
Primeiro, o populismo de esquerda e de direita são igualmente maus. Nunca devemos esquecer que nesse primeiro governo de Tsipras este se aliou com o partido da extrema-direita.
Dizia-se na altura que essa aliança era boa porque ambos eram contra a austeridade, e em Portugal pouco se falou no assunto. Se fosse um partido de centro-direita a juntar-se a um partido de extrema-direita, o que seria a meu ver igualmente mau, as reações teriam sido muito mais violentas, como se viu em Espanha quando o PP se uniu ao Vox na Andaluzia.
Segundo, o populismo de esquerda tem como base a ideia de que os compromissos financeiros não são para cumprir, e de que tal não terá consequências. Uma ideia ingénua e perigosa que contribuiu para prolongar o programa de ajustamento, que durou uma década. Muito devemos a Pedro Passos Coelho, que nunca vacilou e retirou Portugal do programa de ajustamento em apenas 3 anos.
Terceiro, o populismo de esquerda tem a pretensão da superioridade moral, o que lhe dá a desfaçatez de mudar radicalmente as políticas sem mudar de discurso.
A realidade é que Tsipras mudou de ideias e de estratégia, e teve de aceitar medidas tão ou mais drásticas do que o governo anterior, mas não teve a frontalidade de mudar o discurso. Lembram-se das manifestações do Syriza contra o próprio governo do Syriza em junho de 2015?
É bom não esquecer que na política não há salvadores nem milagreiros que fazem desaparecer os problemas por artes mágicas. No fim da linha somos sempre nós que os temos de resolver.
O cordão sanitário
O Parlamento Europeu (PE) elegeu os presidentes das suas comissões parlamentares. Estes cargos são distribuídos pelos grupos políticos proporcionalmente à dimensão de cada um. Com base nesse método, os presidentes são assim escolhidos de forma consensual e aprovados por aclamação.
Mas, ao aplicar este método de distribuição proporcional aos resultados eleitorais, duas comissões parlamentares ficariam presididas pela extrema-direita.
Perante tal cenário, os restantes partidos decidiram juntar-se e formar à sua volta «um cordão sanitário» para assim impedirem tal situação. Na prática, estes partidos abrem uma exceção à regra da distribuição proporcional e exigem uma votação formal na qual, em conjunto, rejeitam o candidato da extrema-direita.
Concordo com a aplicação deste "cordão sanitário".
A extrema-direita tem como único objetivo destruir por dentro o projeto europeu, e não hesita em instrumentalizar as próprias regras europeias para o fazer. Claro que isto suscita a questão sobre se não se deveria utilizar este "cordão sanitário" para aqueles que na extrema-esquerda também querem destruir o projeto europeu.
O "cordão sanitário" não é um mecanismo ideal, mas é o possível para evitar que aqueles que viraram as costas ao Hino Europeu na primeira sessão do PE o possam destruir. Não tenho dúvidas de que se pudessem o fariam.
Croácia pede adesão ao euro O governo croata, dirigido por Andrej Plenkovic (PPE), pediu formalmente a adesão do seu país à moeda única, o euro.
A Croácia junta-se assim à Bulgária na fila de espera para integrar a zona euro. Confirma-se assim o interesse e atratividade da moeda única. A Croácia foi o último país a aderir à União Europeia, em 2013.
Fraco crescimento da economia As previsões de verão da Comissão Europeia confirmaram esta semana um abrandamento do crescimento da economia portuguesa nos próximos dois anos. Dos vinte e oito países europeus, dezassete crescem mais do que Portugal.
Prevê-se, no entanto, uma aceleração do investimento público, devido em grande parte aos fundos europeus.
513,5 Milhões de habitantes na União Europeia, o que representa um aumento de 900 000 pessoas comparando com o ano de 2017.
No entanto, este aumento explica-se apenas pelo número de imigrantes que entram na Europa. Com efeito, o balanço das taxas de natalidade/mortalidade continua negativo pelo segundo ano consecutivo.
A Europa que... nomeia
João Aguiar Machado para chefiar a embaixada da UE jun to da Organização Mundial do Comér cio. Numa altura em que a UE celebra vários acordos comerciais, a sua ex periência será cru cial para defender os nossos interesses sob ameaça de guerras comerciais.