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Carlos Moedas

Onde estão as novas Google?

É essencial preparar os nossos jovens para profissões que ainda não existem.

Carlos Moedas 7 de Setembro de 2018 às 00:30
A Google celebrou esta semana 20 anos de vida. Parece que foi ontem. Em 1999, quando ainda era estudante em Harvard, recebi com um grupo de colegas um convite para visitar a Google, que estava a recrutar. A minha reação foi imediata: "Não tenho interesse nenhum em visitar uma empresa que organiza buscas de páginas na internet." Mal sabia eu, e mal sabiam eles, que aquela era uma das empresas que iria mudar o mundo em que vivíamos nos próximos 20 anos.

Desta história retiro duas grandes lições de vida:
Primeiro, é essencial preparar os nossos jovens para profissões que ainda não existem ou para empresas que hoje nem conseguimos conceber. Infelizmente, o nosso sistema de ensino prepara os jovens para profissões específicas em vez de os preparar para a resolução de problemas. O sistema de ensino prepara para o passado e não para o futuro. Ainda há bem pouco tempo, o World Economic Forum afirmava que 65% dos alunos que estão hoje a entrar para o ensino primário provavelmente irão trabalhar em profissões que ainda não existem. A grande questão é como é que vamos preparar esses jovens para esse mundo desconhecido, que não será forçosamente centrado nas disciplinas. Para isso, precisamos de ensinar os jovens a navegar entre as disciplinas e as matérias, entre o mundo físico e o mundo digital. Ou seja, a escola como a vemos hoje, centrada nas disciplinas, é condição necessária, mas não é suficiente para o sucesso.

Segundo, quando somos jovens devemos pensar seriamente sobre o percurso menos percorrido, sobre o caminho que parece ter mais riscos, mas também mais oportunidades; arriscar em empresas que estão a emergir e a crescer e não naquelas que já conhecemos ou reconhecemos a marca. Daqui a 20 anos é muito provável que estejamos a celebrar não os 40 anos da Google mas os 20 anos de uma empresa que hoje ninguém conhece. A primeira fase da internet foi a da construção das infraestruturas em que a Europa também deu cartas com empresas como a Nokia ou a Siemens. A segunda foi dos grandes gigantes digitais como a Google, Amazon ou Facebook, em que os EUA lideraram. A terceira será a que vai ligar esse mundo digital da segunda fase ao mundo físico da primeira fase em áreas como o blockchain, computação quântica ou inteligência artificial, e aí tenho grande esperança que a Europa tenha de novo um papel de liderança.

Temos grandes empresas e grandes cientistas. Temos de melhorar muitos aspetos da nossa economia e criar um verdadeiro mercado único, sem fronteiras na UE.

Se o fizermos teremos a capacidade de aproveitar esta oportunidade e, estou certo, criar as Google do futuro.

U2 a cantar o patriotismo europeu
No seguimento das manifestações nacionalistas na Alemanha, Bono, o vocalista do grupo U2, deu um grito cívico a favor da Europa.
Dificilmente poderia ter sido mais simbólico: Bono, cantor irlandês e autor da canção mítica ‘Sunday Bloody Sunday’ sobre as manifestações sangrentas na Irlanda do Norte, a erguer uma bandeira europeia num concerto em Berlim, cidade mártir da II Guerra Mundial.

Esse ato cívico recordou a razão de ser do projeto europeu: o maior período de paz e prosperidade de todos os tempos. Concordo com Bono quando afirma que, durante muito tempo, falar de Europa apenas provocava um bocejo junto dos cidadãos que sempre deram as vantagens deste projeto por adquiridas. Mas as conquistas deste projeto estão a ser ameaçadas pelos extremismos, de direita e de esquerda, porque como diz Bono "o respeito pela diversidade - premissa de todo o sistema europeu - está a ser desafiado".

É de certa forma extraordinário ver os U2, uma banda rock que lutou contra o estabelecido, a erguer uma bandeira europeia. É de certa forma um ato radical nos tempos que correm. Ironia da história: Bono ficou sem voz a meio do concerto em Berlim. É caso para dizer que todos temos de defender a Europa até que a voz nos doa.

Carlos Coelho: o Magnífico europeu
Foi um privilégio participar pela terceira vez na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, para uma palestra sobre a ciência, a Europa e a democracia. É de louvar a energia e a dedicação do deputado europeu Carlos Coelho, o ‘Magnífico Reitor’ desta iniciativa que tanto contribui para a formação cívica e política.

Nova extrema esquerda: mais do mesmo
Sahra Wagenknecht, do partido Die Linke, lançou o movimento Aufstehen (De pé) para juntar desapontados da esquerda moderada. É pró-Putin, contra a UE e os refugia-dos. Eis o novo rosto da extrema-esquerda que ambiciona recuperar votos dos desem-pregados e classes operárias que votaram na extrema-direita.

4,6 milhões 
Foi o número de cidadãos europeus que participaram na consulta pública sobre a mudança da hora. 84% destes pronunciaram-se a favor do fim da mudança da hora. Uma participação inédita e direta dos cidadãos europeus no processo de decisão euro-peu e que a Comissão Europeia seguirá ao propor uma inicia-tiva legislativa nesse sentido.

Uma europa que... Encoraja 
Hábitos alimentares saudáveis ao distribuir nas escolas fruta, legumes e produtos lácteos a mais de 30 milhões de crianças europeias no início de cada ano letivo. Porque nunca é demasiado cedo apre-ciar alimentos de qualidade nutritiva e ter uma alimentação saudável. 


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