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Carlos Moedas

Poder e responsabilidade

Hong Kong mostra assim ao mundo que o valor da liberdade nunca deve ser subestimado.

Carlos Moedas 6 de Setembro de 2019 às 00:30
A comunidade internacional tem acompanhado com grande preocupação e expectativa a atual crise política em Hong Kong.

Os protestos em prol da Democracia levam já três meses, mas os manifestantes parecem não baixar os braços. O descontentamento foi inicialmente motivado por uma controversa lei de extradição, mas tornou-se numa luta abrangente pela democratização das instituições. Gostaria aqui de destacar três aspetos a meu ver essenciais para pôr esta crise em perspetiva.

Em primeiro lugar, a sistemática repressão da liberdade de expressão por parte do governo Chinês. Em pleno trigésimo aniversário do massacre de Tiananmen, a China parece ter evoluído pouco no respeito pela dissidência pacífica. Os testemunhos por parte de cidadãos perseguidos são assustadores.

Em segundo lugar, a difícil posição da comunidade internacional. O regime Chinês apresenta valores profundamente diferentes dos Europeus.

No entanto, a tentativa de o isolar diplomaticamente não é uma opção viável, uma vez que a China é vital para a estabilidade do sistema internacional e para quaisquer decisões de relevo no que respeita às alterações climáticas, à segurança internacional e ao comércio global.

Por essa razão, a implementação de medidas tais como sanções económicas não é razoável nem possível. O caminho possível para a Europa é o da exigência de maior reciprocidade nas relações entre UE e China.

Em terceiro lugar, a crise vem trazer esperança a uma democracia enfraquecida a nível global. O conceituado índice Freedom in the World dá conta de um declínio das liberdades civis e políticas no Mundo por 12 anos consecutivos.

Apesar de estar em crise, a democracia continua a ser o regime a que os povos sujeitos ao autoritarismo aspiram. Hong Kong mostra assim ao Mundo que o valor da liberdade nunca deve ser subestimado nem esquecido.

Na antevisão da sua última viagem à China enquanto líder dos EUA, o Presidente Obama afirmou: "Quanto maior o poder, maior a responsabilidade."

Creio que é isso mesmo que se exige hoje à China: um comportamento responsável enquanto grande potência, perante o legítimo clamor dos cidadãos de Hong Kong e da comunidade internacional.

Catástrofe Artificial
A tragicomédia que é o Brexit marca a atualidade. A estratégia de alto risco de Boris Johnson é limitar a margem de manobra da Câmara dos Comuns, forçando a saída a 31 de outubro sem acordo com a UE. Ainda tudo pode acontecer, mesmo se é agora mais provável um cenário de "no deal".

Foi por isso que esta semana, na nossa reunião de comissários, debatemos com Michel Barnier, o negociador europeu, e aprovámos medidas de contingência para ajudar os europeus a enfrentar o impacto.

Uma saída sem acordo vai ter grandes custos. Para os britânicos e as suas empresas, que vão voltar a ter fronteiras, tarifas aduaneiras, restrições e incerteza regulatória. Mas os impactos também se vão sentir do lado continental.

Foi por isso que decidimos algo de inédito: mudámos os regulamentos de dois grandes fundos europeus, um para ajudar as empresas a atenuar os impactos da globalização e outro para fazer face a catástrofes naturais.

É uma excelente medida para atenuar os impactos desta situação lamentável. Mas é também uma triste metáfora. Um fundo destinado a ajudar os países que sofrem catástrofes naturais, como terremotos ou cheias, vai ser usado para fazer face a uma catástrofe artificial. Para enfrentar um verdadeiro "tiro no pé" do Reino Unido, mas cujo ricochete também nos atinge.

José Tolentino de Mendonça 
A sua indicação como cardeal pelo Papa Francisco confirma o papel preponderante de José Tolentino de Mendonça na Santa Sé. É um intelectual, produto da interceção das artes, como ensaísta, poeta que cruza com cultura, ciência e política. Esta escolha do Papa insere-se na reforma em curso da Igreja.

A importância da prevenção médica
O Eurostat divulgou esta semana dados sobre as causas de mortalidade em 2016. Verifica-se que na Europa 2/3 das mortes de pessoas com menos de 75 anos têm origem em doenças pulmonares e cardíacas. Muitas destas mortes prematuras poderiam ser evitadas com políticas ativas de saúde públicas.

9
Milhões de euros foi o montante das bolsas que seis investigadores portugueses receberam do Conselho Europeu de Investigação para desenvolver investigação financiada pelo programa Horizonte 2020. Destaque para a utilização da nanotecnologia para mapear tumores e o tratamento de fake news como um vírus.

Uma Europa que distribui
Leite, fruta e hortícolas nas escolas europeias para promover a alimentação saudável e equilibrada. Mas de 20 milhões de crianças beneficiaram deste programa no ano académico anterior, o que já representa mais de 20% dos alunos.
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