O bando de extremistas que se reúnem em Conselho de Ministros às quintas-feiras está esta semana esvaído de prazer pelo dever cumprido ao ter conseguido tomar a mais rápida decisão de sempre sobre o processo de destruição de um símbolo nacional. Não contam a desconfiança dos portugueses nem as eleições à porta perante o beneplácito cúmplice do mais impopular Presidente da nossa democracia.
Para os patriotas dos mercados, a partir de agora a cor da nossa companhia de bandeira é azul e devemos estar felizes por o americano-brasileiro da low-cost sul-americana ficar com as dívidas e os pilotos. O resto logo se vê, quando Pires de Lima e Sérgio Monteiro estiverem já bem longe.
Entretanto, a Comissão Europeia irá averiguar se quem dá cor europeia ao Azul da TAP são os autocarros da Barraqueiro e não os aviões da companhia doméstica brasileira. Aguarda-se também do sempre zeloso Tribunal de Contas a atenção privilegiada sobre o caderno de encargos, até agora mantido secreto.
Quando nos aproximamos do juízo eleitoral, começa a passar de obsessão ideológica a cadastro irrevogável a opção de destruir ativos estratégicos sem qualquer preocupação com a solidez a longo prazo da economia nacional.
Cortar salários foi declarado tês vezes inconstitucional, mas é preciso aguardar até 2019 para corrigir a barbaridade.
Os complementos de pensões dos trabalhadores do setor público empurrados para a pré-reforma foram cortados, mas só voltam quando as empresas públicas tiverem lucro, o que é quase como dizer que Pires de Lima só seria autorizado a falar quando o Sporting fosse campeão.
A Autoridade Tributária faz execuções e despejos por conta da banca e assaltos a incautos a mando das concessionárias de autoestradas, mas a correção dos arbítrios tem de ser maduramente adiada.
A imagem da banca nunca foi tão negativa, mas o desígnio do Governador, unilateralmente reconduzido até 2020 por um Governo com escassos meses de validade, é de vender os destroços do BES a passo de corrida ao fundo chinês ou americano que der mais. Os lesados que aguardem…
A urgência foi para retalhar a Cimpor, acabar com a PT, entregar os transportes urbanos sem dar cavaco às autarquias e agora já em estertor sair de cena em delírio Azul.