O primeiro-ministro deu domingo uma entrevista à SIC em que, como se esperava, elogiou o seu governo com ditirambos em delírio, sem se deter nas perguntas. Também elogiou imenso Marcelo R. de Sousa, que acha um extraordinário presidente da República.
Logo a seguir, apareceu na SICN, a comentar o ex-comentador, o actual comentador da SIC, corneta de Belém, que fez de eco à entrevista. Mendes, que tão simpaticamente lhe tinha dado o seu espaço dominical, acabou por não resistir a elogiar o mestre.
Há pessoas com capacidade invulgares, como um sentido olfactivo ou visual muito acima do vulgar. Antes, faziam-se reportagens sobre elas. A RTP 1 fez um reality show de entretenimento, com muitas palmas, excitação, suspense e apresentadora aos gritos.
O magazine ‘Sete’ (SICN) é exclusivamente um amontoado de publicidade a restaurantes, hotéis, etc. Tudo o que mostra é maravilhoso; não há crítica. Não informa os espectadores se é publi-reportagem, ou publicidade paga ou a troco de alguma coisa.
Eloísa era convidada num talk show espanhol. Adormeceu profundamente no sofazinho. A produção brincou com a situação, mas Eloísa é que sabe: a televisão, e então nestes programas, é bem boa para adormecer. Mas passar pelas brasas no estúdio é genial.
A China não tem pressa, mas avança. Duas empresas chinesas injectaram mil milhões de dólares na Paramount Pictures, que assim entra no segundo mercado em espectadores. É um de vários meios com que a China procura desenvolver o seu próprio audiovisual.
LINCOLN Trump teve menos gente em Washington que Obama em 2008. Os media compararam. Numa reacção patética, a Casa Branca tentou justificar as imagens (não a dimensão da multidão) e invocou audiências televisivas. A reacção é perigosa, mesquinha e assente numa mentira. Que leiam Lincoln: "Podes enganar toda a gente algum tempo, e alguns todo o tempo, mas não toda a gente o tempo todo."
DESPREZO Os dislates ignorantes de Miguel Sousa Tavares ("SIC + ou -") e outros comentadores contra as redes sociais vêm na linha duma opinião política tão velhinha como a Grécia Antiga: a do desprezo pelos outros, pela multidão, pelos que não tinham voz e agora se exprimem. Não há nada a fazer: haverá sempre este desprezo antidemocrático de quem se acha com direito à palavra.