Não falta quem pense que tudo o que se faz com os reclusos é tempo perdido. Todavia, continua a haver quem acredite que o tempo de reclusão pode transformar-se numa oportunidade de conversão.
Foi com esta convicção que a Fundação ‘Casa dello Spirito e delle Arti’ pôs três reclusos, que cumprem penas pesadas por homicídio, na cadeia de alta segurança de Milão, em Itália, a produzir hóstias.
Ciro, Giuseppe e Cristiano, em abril, levaram pessoalmente ao Papa Francisco 12 mil hóstias. "Entregámos ao Santo Padre o fruto do nosso trabalho e da nossa redenção. Jesus, presente com o seu corpo na Eucaristia, mudou o nosso coração e hoje podemos testemunhar a todos que a Misericórdia de Deus é possível para todos, até para quem – como nós – tenha cometido crimes horrendos", disseram então ao sítio ‘Vatican Insider’.
Durante o mês de agosto, as mesmas mãos que antes tiraram a vida produziram agora 16 mil partículas que serão consagradas no Congresso Eucarístico que decorre, desde ontem e até domingo, na cidade italiana de Génova.
Hoje, na cadeia de Bragança, conclui-se uma sessão da Novahumanitas denominada ‘Descobre-te a ti mesmo…’. Esta formação pretende ajudar cada participante "a iniciar um processo de autoconhecimento e de crescimento pessoal que o conduza a uma maior liberdade e plenitude de vida". É a primeira vez que é ministrada em contexto prisional.
Ao longo de quatro dias, guiados por Maria dos Anjos, com os seus "78 anos de juventude acumulada", homens amargurados e angustiados fizeram a experiência de, talvez pela primeira vez, entrar em si mesmos. Descobriram que, para além dos seus defeitos e falhas, também são habitados por valores e potencialidades. Sentiram o desejo de mudar as suas vidas. Oxalá o consigam, para que também eles se convertam em testemunhas de que, apesar de tudo o que se possa ter feito, é sempre possível mudar de vida.