Muita gente se tem interrogado sobre a crise dos tradicionais partidos de governo e a recente ascensão dos nacionalismos populistas nos países desenvolvidos. Boa parte da explicação do fenómeno encontra-se no último World Economic Outlook, publicado pelo FMI.
Desde o final dos anos 70 que os salários valem cada vez menos na riqueza criada nos países desenvolvidos. Isto significa que à medida que um país aumentava a sua riqueza, os salários cresciam menos e as desigualdades aumentavam.
Segundo o FMI esta perda do trabalho em relação aos ganhos do capital está diretamente ligada às mutações tecnológicas das últimas décadas. Nos países desenvolvidos como Portugal estima-se que cerca de metade desta perda se explica pelo desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação. Isto é particularmente sentido pelas gerações menos qualificadas, que em todo o lado tiveram dificuldade em aceder aos empregos mais bem remunerados. Não será por acaso que entre as dez maiores fortunas do mundo, oito estão ligadas ao setor das tecnologias da informação e que nos últimos 22 anos, Bill Gates foi 18 vezes considerado pela revista Forbes como o homem mais rico do mundo.
Mas o acesso e difusão da tecnologia está longe de explicar tudo. A verdade é que as últimas décadas foram marcadas, também, pela intensificação da abertura do comércio internacional e liberalização dos mercados financeiros. Com essa livre circulação de capitais, as políticas fiscais dos Estados nacionais deixaram de ser o poderoso instrumento de redistribuição da riqueza que tinha marcado os chamados 30 ‘gloriosos anos’ (1945-73).
A par da aposta continuada na educação, é absolutamente crítico recuperar essa capacidade de regular a economia, agora já não certamente a nível nacional mas na esfera global. Não é possível esperar que as pessoas apoiem a abertura económica e a integração política sem garantias de coesão social e sem um horizonte de futuro.
Se a resposta do protecionismo e do nacionalismo já provou ser caminho para o desastre, também não nos podemos desistir de uma geração inteira e de políticas que garantam coesão social e uma maior justiça na redistribuição dos rendimentos. É essa atitude de arrogância em relação a quem fica para trás que explica fenómenos como o Brexit, Trump ou Marine Le Pen.
Trump e a Síria
A cirúrgica intervenção militar dos EUA na Síria permite-nos constatar dois factos e retirar três conclusões fundamentais. O primeiro facto é que depois do sucedido em 2013 Assad continua a usar armas químicas contra civis.
Em segundo, parece evidente que se tratou de um ataque limitado, circunscrito a uma base aérea, que aliás se mantém operacional. Quanto às conclusões, parece evidente que o ataque foi da maior utilidade para Trump na frente interna. O confronto com a Rússia, através do regime de Assad, aliviou a pressão da investigação do congresso às suas ligações a Putin.
O ataque permitiu-lhe ainda uma reconciliação com os aliados tradicionais europeus, que expressaram compreensão pela iniciativa, depois de um início de mandato marcado pelo espetro do isolacionismo. Finalmente, parecem-me apesar de tudo precipitadas as notícias acerca da viragem estratégica dos Estados Unidos em relação à crise Síria. O aviso prévio do ataque e a visita do Secretário de Estado ao Kremlin indicam que para os americanos a Rússia continua a ter a primazia na resolução da crise Síria.
Escolas abertas à cidade Uma longa aspiração dos lisboetas, a utilização pelas coletividades desportivas e culturais dos pavilhões desportivos das escolas públicas, vê hoje a luz do dia.
O acordo, assinado entre a autarquia e o Ministério da Educação, prevê ainda o envolvimento da Câmara Municipal de Lisboa no reforço da manutenção das áreas ao ar livre dos estabelecimentos de ensino público.
Elevador da Glória
João Pina premiado
Viana do Castelo é por estes dias a capital da fotografia, com várias exposições em simultâneo. Foi lá anunciado o prémio Estação Imagem, atribuído este ano ao fotojornalista João Pina pelo seu trabalho sobre os efeitos do Mundial e dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.
Estrela do Fado A prestigiada revista britânica Songlines nomeou o fadista Ricardo Ribeiro para o Prémio Melhor Artista do Ano, pelo seu álbum ‘Hoje é Assim, Amanhã Não Sei’. Trata-se de uma publicação especializada em músicas do mundo que não hesita em considerá-lo ‘a rising star of fado’.
Museu do Teatro e da DançaA Cornucópia encerrou, mas felizmente ficámos agora a saber que o valioso espólio da histórica companhia teatral e do seu fundador, o encenador Luís Miguel Cintra, vai ficar a cargo do Museu do Teatro e da Dança, situado no magnífico Palácio do Monteiro-Mor, no Lumiar.