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Fernando Sobral

A musa

Anita foi a sereia de Brian Jones, a então face bonita dos Stones.

Fernando Sobral 8 de Julho de 2017 às 00:30
Ao longo dos anos sempre olhámos para os grandes mestres do rock. E, algumas vezes, esquecemos as musas que os inspiraram e que, em muitos casos, criaram as condições para que eles se tornassem estrelas globais. Basta lembrarmos Yoko Ono ao lado de John Lennon ou Marianne Faithful como sereia dos Rolling Stones. Uma das mais poderosas musas do rock foi Anita Pallenberg, falecida há poucas semanas, e que foi um verdadeiro símbolo do espírito dos Rolling Stones durante os delirantes anos 60.

Anita foi a sereia de Brian Jones, a então face bonita dos Stones, e mais tarde trocou-o por Keith Ricards. Nesse tempo, o conceito de infidelidade era desconhecido nas grandes bandas rock e Anita vivia bem com isso. Era um fruto delicioso da sua época: filha de pais alemães, falava quatro línguas. Como modelo, deslumbrou. Mas foi quando começou a fazer parte do círculo cultural de Andy Warhol em Nova Iorque que os seus poderes se tornaram mais visíveis. Quando aterrou no meio dos Rolling Stones, estes eram ainda um projecto em construção.

Tentavam encontrar o seu lugar no rock e Anita contribuiu para lhes dar a sofisticação que lhes faltava. E trouxe para o grupo o prazer da audácia, algo que ela praticava sem problemas a nível sexual ou do consumo de drogas. Para muitos, ela era um perigo público. A partir da década de 80, a dupla, que tinha dois filhos, foi-se afastando. Mas Keith nunca deixou de tomar conta dela. E ela, em troca, nunca escreveu as suas memórias. Que deveriam ser explosivas. O seu desaparecimento é o fim de uma era.
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