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Fernando Sobral

Sombras

O novo disco é uma espécie de lado negro do “sonho americano”.

Fernando Sobral 16 de Setembro de 2017 às 01:30
As actividades do excelente colectivo liderado por James Murphy, os LCD SoundSystem, nunca foram previsíveis e isso faz com que estejamos sempre à espera do inesperado.

O que fizeram nos últimos anos tem sido algo confuso e não poucos acreditam que isso fez parte de uma estratégia elaborada pelo próprio grupo para o manter sempre na crista da onda do rock. Já anunciaram várias vezes a retirada e acabaram sempre por nos trocar as voltas. Agora regressam com este ‘American Dream’. Um retorno só possível, segundo Murphy, porque David Bowie, o seu ídolo, lhes tinham pedido para que não se reformassem.

Ainda bem que o fizeram: ‘American Dream’, um disco que é uma espécie de lado negro do "sonho americano", é uma obra soberba.

As referências de Bowie estão por toda a parte, e são ainda mais visíveis em temas como ‘Other Voices’ (onde há também uma ‘releitura’ dos Talking Heads), ‘Change yr Mind’ ou ‘I Used To’. Mas a maior grandeza deste registo está nos temas que soam a puro LCD: ‘Tonite’ ou ‘Call the Police’, ou mesmo ‘Oh Baby!’ (que evoca os Suicide).

Não por acaso este último tema abre o álbum. Sem procurar repetir fórmulas, o regresso dos LCD tenta reencontrar uma identidade muito própria, menos eufórica e mais sombria, mais evocadora do passado e mais luminosa.

Como sempre os LCD dão mais um passo seguro rumo à sua própria imortalidade como grupo incontornável no rock actual. Há aqui temas que ficarão como clássicos da banda. A começar por ‘Other Voices’. Basta escutá-lo duas ou três vezes e percebemos porquê. Nunca deixaremos de o escutar. 
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