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Fernando Sobral

Veludo

Os Velvet falavam de abuso de drogas, prostituição e sadismo.

Fernando Sobral 25 de Novembro de 2017 às 00:30
Em 1967, foi editado um dos mais empolgantes álbuns da história do rock, "The Velvet Underground & Nico", disco que abriria as portas para o futuro de Lou Reed e de John Cale. Era um registo de um tempo de revolução social nos Estados Unidos. E um soco no estômago de uma sociedade que se tentava encontrar e se afastar do conservadorismo reinante.

Em temas como "Heroin", "Venus in Furs" ou "I'm Waiting for My Man", os Velvet Underground falavam, de forma clara, do abuso das drogas, da prostituição ou do sadismo. Muito disso devia-se à capacidade criadora de Lou Reed, um jovem intelectual fascinado pela escrita de nomes como Allen Ginsberg, William S. Burroughs ou mesmo Raymond Chandler.

A seu lado, Cale, Sterling Morrison e Maureen Tucker davam corpo a esta revolução subterrânea de veludo, que se entranhava através de vozes que pareciam vir do outro mundo. A cantora alemã Nico iria associar-se a esta convulsão: cantava em três temas do álbum.

Tudo sob o olhar tutelar de Andy Warhol, o pai da estética pop e que descobrira na música e no cinema campos perfeitos para explorar a sua visão do mercado e da arte. O disco dos Velvet Underground era um longo exercício sonoro que parecia um lamento atormentado sobre as sombras da alma humana.

Nico dava a este estranho mundo um balanço de alquimista: a sua voz parecia misturar o fogo e o gelo. E John Cale trazia o seu traquejo da música clássica para o cruzar com o rock, criando um ambiente utópico e litúrgico. Ainda hoje é um disco maravilhoso.
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