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Francisco J. Gonçalves

Em defesa do véu islâmico

O xeque Munir veio esclarecer que "é absurdo e ignorância" falar do véu islâmico como símbolo religioso.

Francisco J. Gonçalves 22 de Março de 2017 às 00:30
O xeque Munir, imã da mesquita de Lisboa, veio esclarecer que "é absurdo e ignorância" falar do véu islâmico como símbolo religioso. Reagia, assim, à recente decisão da justiça europeia que permite às empresas proibirem o uso do véu nos locais de trabalho. Munir esclarece que o véu "faz parte do vestuário das muçulmanas".

Não sei se percebeu que, ao dizer isto, está a admitir que o véu pode ser apenas símbolo da submissão da mulher em sociedades machistas. E também não sei se percebeu que, se o véu islâmico deixa de ser reivindicado como símbolo religioso, perde, por aí, bons argumentos para se impor no Ocidente.

É que, se o véu islâmico é apenas um costume, pode ter-se ante o seu uso a mesma atitude de rejeição que se deve ter ante a excisão do clítoris, por exemplo. A comparação pode chocar mas, no limite, uma coisa e outra são idênticas no facto de poderem não ser mais do que indícios de discriminação e de violência sobre as mulheres. E convém lembrar que o dito véu islâmico inclui, nalguns casos, a ocultação total do rosto das mulheres.

Por tudo isto, os argumentos do xeque revelam fragilidades que não só não facilitam a defesa do véu como a complicam.
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