Rufam os tambores, entoam as trompetas: eis o regresso de Sócrates à vida política. Ativa. Bom, na verdade, talvez nunca tenha muito bem saído, mas enfim. Comícios na província, universidade de Verão, almoço-homenagem. Outros carnavais se seguirão. Sem espinhas?
Os seus defensores argumentam que não foi condenado e é apenas arguido sob investigação, gozando da presunção de inocência. Ok. Mas fora as suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, é o próprio que admite que viveu durante anos na dependência financeira, ainda por cima secreta, de um empresário com contratos com o Estado. E isso, numa democracia madura e inteligente, não é admissível. Mesmo. Ponto final.
A ética republicana não sobrevive a chefes de governo, ainda para mais do centro-esquerda, com este perfil. Mas o PS, embora dividido, não se importa, promove até, limitando-se a criticar os meandros da justiça e as suas fragilidades. Das quais, óbvio, também é responsável.
António Costa não quer saber ou não tem força e autonomia. Ou ambas. Mesmo a restante esquerda não pia. Come e cala. E assim se abriu o precedente, a caixa de Pandora. Doravante, terão também que aceitar "os males do mundo" aos governantes de direita. Ai Portugal, Portugal.