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Correio da Manhã

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João Aranha

As Festas e as suas razões

Por motivos de saúde falhei Mourão.

João Aranha 9 de Fevereiro de 2016 às 16:27

Por motivos de saúde falhei Mourão. Falhei um festival taurino, de beneficência, com um cartel rematado, que me dizem ter corrido muito bem. Falhei também toda aquela envolvência sociocultural, que junta amigos e companheiros que comungam dos mesmos gostos e paixões, como falhei a Festa da Sr.ª das Candeias cuja luz vem iluminando esta minha dupla peregrinação há uma dúzia de anos. Tendo por causa não apenas o que atrás ficou dito, e o efeito de reforçar a tese, há muito defendida nos meus escritos, de que esta simbiose da festa pagã — a dos toiros — com a festa religiosa das cidades e vilas do mundo taurino é uma verdade incontornável. Que, entre nós, começa em Mourão e costuma terminar no Cartaxo, na Festa de Todos os Santos, depois de passar, pela Sr.ª do Carmo em Sousel, por Santiago, em Setúbal, pela Sr.ª do Castelo em Coruche, pelo São João na Terceira, pelo São Pedro, em Évora, pela Piedade em Santarém, pela Assunção nas Caldas, por São Marcos em Alter, Sr.ª da Agonia em Viana do Castelo, Sr.ª da Boa Viagem, na Moita, e tantas mais que o povo vive e reclama para si, por mais que o neguem algumas vozes de urbano depressivos que o não o sentem e como tal não o entendem. Em Espanha passa igual, de Castellon (Madalena) a Jaen, tal como em França com Beziers, Nimes e Arles a vestir galas nas feiras que não dispensam referência aos onomásticos. E, se cruzarmos o Atlântico, lá encontraremos essa mesma simbiose nas Feiras de Lima, Quito, Queretaro e São Luis de Potosi, para citar apenas alguns exemplos.


Claro que isto nos conduzirá sempre à velha questão.de como, quando, e porquê, os "jogos com toiros", dos quais decorre a chamada Festa Brava, tal como hoje se desenvolve, e vai da criação do toiro bravo (uma arte genética) à sua lide nas arenas (uma arte genial), assentou arraiais na Península Ibérica, e aqui se radicou e espalhou pelo mundo taurino. Para alguns autores (credíveis),como o Dr. Fernando Teixeira as gravuras do Palácio de Knossos, tal como o culto mítrico, que nos chegou nos bornais das legiões romanas, terão mais peso do que a teoria de que tudo aconteceu por força da presença do "bos tauros ibercus" nos nossos vales e montanhas e o resto não passará de boa literatura com alguma dose de imaginação como propõe Joaquin Vidal, cronista de El Pais. Afinal um tema intricado que merece um olhar e estudo mais profundo

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