A Feira da Golegã teve palco no Arneiro e proporcionou bons negócios.
Dois eventos bem programados e promovidos coincidiram no tempo (verão de São Martinho) mas um tanto longe quanto ao lugar, nos seus propósitos e na sua génese. No entanto, se bem rebuscarmos, talvez lhes encontremos outras afinidades de ordem comportamental – ainda que a Web tenha um cunho declaradamente urbano e a dita Feira tenha raízes rurais.
Mas essa não será tarefa para este velho cronista de coisas de toiros e cavalos para quem a tal Web Summit não passará de um ‘fait divers’ que trouxe a Lisboa mais de 50 mil pessoas de 167 países, carregadas de ideias e projetos que podem tornar-se grandes negócios com o amparo das chamadas novas tecnologias e afins. Pessoas que se declararam encantadas com a cidade, com a simpatia dos lisboetas e com as castanhas e a àgua-pé do Bairro Alto.
A Feira do Cavalo voltou a acontecer na Golegã, em tempo de São Martinho, e teve como palco privilegiado o chamado Arneiro, hoje lugar chique para quem ali se desloca para ver ou para ser visto. Esta festa tradicional – que tem como estrela o cavalo lusitano – também conta conta com largos milhares de visitantes. Quase se lhe poderia chamar a ‘Lusitano Summit’, dada a sua internacionalização e os bons negócios que esta raça proporciona, mercê das suas inigualáveis qualidades de generosidade, docilidade, valentia, beleza e resistência.
Estas qualidades não resultam apenas de projetos ou ideias sacados do computador, mas maioritariamente do engenho e criatividade do homem rural, com base num trabalho sério no manejo da genética.
É obvio que os da minha geração, ligados ao cavalo pela profissão ou mister, recordam com saudade os tempos em que não havia ‘cazetas’ nem ‘boxes’ no Arneiro, onde os ciganos negociavam muares e os ‘poldros’ com fama havia que procurá-los em casa dos Veigas e outros colegas de ofício.