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Correio da Manhã

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João Aranha

Fernando Palha um Senhor Ganadero

Conheci o Fernando Palha ainda de calções.

João Aranha 16 de Fevereiro de 2016 às 20:40

Deixou-nos na semana passada um senhor que companheiros, colegas, amigos e no fundo a 'afición' do mundo taurino tinham como expoente máximo do ganadero genuino e homem de campo.

A sua figura  única e castiça, onde nunca faltava o chapéu cordovez como imagem de marca, era presença especial em todos os lugares onde a festa se desenvolve, com relevo para a Palha Blanco, da sua terra, em homenagem ao nome de seu avô, ou na Quinta da Foz, onde, por muitos anos, guardou, com muito amor e paixão o que restava daquela famosa e muito bonita vacada da linha "vasquenha" do Duque de Veragua, cuja variedade e beleza de "capas" era, e é, única e muito apreciada.

Curiosamente cumprimos aniversário na mesma data (13 de Abril), muito embora eu lhe levasse uns anitos mais, e só pelos intrincados desígnios de Deus ele partiu primeiro deixando um vazio que em meu entender nunca será preenchido. Não apenas como ganadero autentico numa família de "postin", na sociedade e no meio, que nunca se deixou levar por modismos mantendo uma cultura específica e uma educação natural que infelizmente vão rareando.

Conheci o Fernando Palha ainda de calções quando eu, já adolescente montava a cavalo e ajudava nas tarefas "camperas" da condução dos bezerros para as "ferras" no Paul da Vala, às quais ele assitia ao lado de seu pai, homem sério de barba bem cerrada e presença senhorial.

Fomos lidando quanto possível num tempo em que a nossa comum paixão pelo toiro suplantava o que a diferença etária tornaria mais complicado. Em meados dos anos quarenta abalei para Lisboa e para outras vidas, andei por outros mundos e até pela e outras lutas.

Voltamos a abraçar-nos quando voltei aos toiros e a um convivio de amizade e comunhão de paixões sobretudo naquelas manhãs e tardes da Quinta da Foz, em belas jornadas de "acosso y derribo" que o Fernando Palha e seus filhos organizavam com fins caritativos num passado recente que deixou saudades. Sobretudo agora que o Fernando partiu antes de cumprir os 84 no próximo 13 de Abril, e desta vez, (se eu ainda por cá andar), não haverá chamada para a Quinta das Areias, mas não esquecerei uma oração de saudade.

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