Um cartel curioso e apelativo na corrida CM da passada semana, com enchente da nossa primeira praça, criou ambiente de festa grande que se estendeu da arena às bancada e só terminou quando o matador jerezano Juan José Padilla saiu em ombros pela "porta grande".

Com mérito e justiça porque, com o seu carisma, uma entrega  total , um toureio de nota alta, com capote e muleta. A reconhecida soltura e valor com que usa as bandarilhas triunfou.

Sendo hora de relembrar que foi exactamente no remate dessa sorte que o toiro de Ana Romero o colheu com gravidade arrancando-lhe o olho esquerdo na tarde fatídica da Feira de Saragoça de 2011,pondo-lhe a vida em risco tal como a carreira.

A providência divina e uma força mental invejável mudaram tudo na sua vida. Reapareceu, após prolongada convalescença e a mágoa de estar cego de um olho, com redobrada afición.

Os contractos chegaram, está presente em todas as Feiras, e o seu nome subiu muitos degraus no escalafón. Não saberei dizer quantas vezes terá actuado em Portugal mas a sua presença na corrida CM fez desta uma corrida diferente de todas as que costumam vir tuteladas ou promovidas por órgãos de comunicação com alargada presença do chamado "Jet Set", desta vez suplantado por um toureiro. Que, no seu estilo "populista", (onde não faltam valia, arte e coração), conquistou um público reconhecido, onde, (além dos que vão a todas e dos que aceitam gato por lebre) havia muita gente que sabe de toiros.

Dispôs de um lote favorável, (com o selo de Jandilla na ganaderia de Varela Crujo), é certo, com um primeiro que lhe permitiu abrir o êxito e um segundo que era "uma bendição", (como se usa dizer), mas a sua entrega foi total e o seu profissionalismo saiu imaculado.

Pena que o director da corrida não tenha "visto "esse sexto toiro. Creio que o novo regulamento fala nisso e o "maioral" da Herdade dos Roscados estava lá!