Não, não é o mais recente de Istambul ou os menos recentes de Paris, onde os fanáticos do ISIS tentam vingar da forma mais estúpida e animalesca as ofensas que acham que sofrem. O Algarve! Embora não pareça, a coisa é igualmente grave e idiota. Eu sei que há uma tradição de atentados na região. Depois do grande terramoto de 1775, o Marquês de Pombal mandou incendiar as cabanas dos pescadores de Monte Gordo, para ter habitantes na sua nova cidade de Vila Real de Santo António traçada a régua e esquadro como modelo para a iluminista e maçónica baixa lisboeta. Na euforia marcelista dos Jotas Pimentas e de outros mais ricos, foi destruído o barlavento algarvio. Na euforia dos dinheiros europeus dos anos 80, o resto da destruição do barlavento e o início da destruição do sotavento. Aldeamentos inteiros vazios, novos há pouco tempo, apodrecidos agora, já impossíveis de habitar.
Dezenas de campos de golfe açambarcaram toda a pouca água que desce da serra. Agora é pior. Um consórcio internacional, com alguns espertalhões portugueses, onde se destaca o inenarrável Sousa Cintra, prepara-se para esburacar a serra e o mar à procura, imaginem, do ouro negro. "É preciso aproveitar os recursos naturais" diz o actual ministro da economia. Como? Julgava que os recursos naturais do Algarve eram os excelentes produtos agrícolas, os extraordinários peixes e mariscos, as praias, que apesar de alguma destruição, ainda são as melhores da Europa. Vamos fazer petróleo de xisto e destruir a serra de Monchique. Vamos encontrar petróleo no mar, entre Sagres e Tavira, e poluir tudo e todos. Cuidado! Vão esburacar uma falha sísmica. E lá vem outro grande terramoto. E voltamos ao princípio.
A loucura atinge tudo e todos. Nos EUA a extraordinária Hillary Clinton quer ser presidente para revelar ao mundo um dos mais bem guardados segredos do império: a existência de extraterrestres. Ela quer os votos dos putos que encheram os cinemas porque acreditam que a ‘Guerra das Estrelas’ não é ficção. Por cá, o candidato Sampaio da Nóvoa jantou com 300 convivas ao som de canções de David Bowie. Cautela, Marcelo! O seu principal adversário está a ficar muito moderno e muito atento. Agora não brincando: para Bowie, o artista único, os meus agradecimentos por tanta alegria e revelações que preencheram parte da minha vida. E por ensinar que a morte é natural, apesar de negra. E que apesar de inevitável se pode encenar.