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João de Sousa

Carta a Sócrates

O José consegue e num gesto revelador da sua dimensão ética e moral pronunciar-se-á contra esta "abracadabrante canalhice".

João de Sousa 18 de Outubro de 2015 às 00:30
Sr. Eng. José Sócrates. Começo por pedir perdão a si, porque estou a incomodar. Possivelmente, a última pessoa que desejaria "ler" sou eu, mas como verificará, depois de explanar nesta missiva os factos, valores mais altos se levantam.

A minha mulher vai enviar esta carta para si e a mesma será publicada no ‘Correio da Manhã’, edição de dia 18. Não se altere, calma, eu sei que o José não simpatiza com a referida publicação diária que dá notícia dos factos, mas compreenda que eu não consigo que um canal televisivo leia 3000 palavras minhas durante 22 minutos!

Devo recordar-lhe que certo dia falou-me de "René Char": "Transformar velhos inimigos em leais adversários." Inimigos nunca fomos, e adversários também não. Não estou no "mesmo patamar social", não possuo o mesmo "peso político", como se infere facilmente atendendo ao local de onde remeto esta carta e a morada onde a vai receber. Tinha razão José, reconheço agora, sempre afirmou que não estaria aqui tanto tempo como eu. Eu, cidadão comum. O José, um ex-1º ministro!

José, o "pequeno diretor" do E. P. de Évora e o "inepto gestor da crise dos camionistas em 2008", Dr. Sá Gomes (assim se referia a ambos, recorda- se?) instauraram-me um processo disciplinar e condenaram-me a 6 dias de castigo, 24 horas por dia fechado, isolado, com duas horas a "céu aberto" e só uma hora de visita semanal.

Acredito que a grandeza do José vai ultrapassar os conteúdos do que tenho escrito sobre si. Deposito elevadas expectativas em si, o José vai repor a verdade dos factos, o José consegue, e num gesto revelador da sua dimensão ética e moral pronunciar-se-á contra esta "abracadabrante canalhice"! Lamentando o incómodo, grato pela atenção.


Vozes do pátio

Controlo televisivo
Provando-se agora que ama a liberdade de expressão e nunca tentou controlar qualquer canal televisivo ou perseguir "jornalistas desbocadas", defenderá, não o João de Sousa (‘valet de chambre’), mas o livre pensamento, condenando a punição indigna a que me querem sujeitar.

Silêncio e cobardia
Como está isto relacionado com o José? Você escreveu um livro sobre a confiança no mundo, sobre tortura e democracia, com prefácio de Lula da Silva, e eu estou confiante que o José escreveu o que se pode ler na página 25 do seu livro: "Para qualquer democrata todo o silêncio é cobardia."


Quem é, afinal, o preso político?
Confirme, porque dizem que eu minto. Vou ser castigado, fechado, isolado; querem cercear a minha liberdade de expressão! Como faziam aos "presos políticos" no tempo da "velha senhora". Ó José, será que o "preso político" afinal sou eu?

Sem algemas nem obediência
Possuía um autêntico armazém de DVD e livros; não obedecia a chamamentos do diretor; telefonava no interior do gabinete do subdiretor, enquanto este aguardava no exterior, a fumar; era transportado sem algemas; almoçava italiano.
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