Sr. João, viu o almoço do Sócrates? Não foi convidado?" "O tipo diz que aquilo é um movimento cívico, um almoço de amigos, para mim aquilo é uma associação criminosa!" Foram estas cruas palavras que se pronunciaram aqui em "Ébola". Tão rudes e cruas como as palavras escritas por Sócrates, antes de serem "polidas" por Pedro Silva Pereira e depois enviadas aos media.
Eu também vi o almoço. Recordei de imediato os filmes que o José aqui via e emprestava.
No terceiro Padrinho, de Coppola, Andy Garcia oferece os seus préstimos a Al Pacino. É o filho bastardo do irmão mais velho de Michael Corleone e quer proteger o Padrinho, acrescentando "mais músculo à Família". O Padrinho, qual príncipe renascentista, contrapõe: "O que eu preciso é de mais advogados!" Nesta fase da saga familiar, Michael deseja tornar legítimos os negócios da Família. No dia do almoço, José Sócrates fez-se acompanhar por seguranças privados (músculo) e não se viram advogados!
José Sócrates gritava ao telefone com o seu advogado quando este afirmava que estava o seu cliente "afrontosamente bronzeado", espumava quando o mesmo não "transmitia a mensagem combinada e se dispersava em trivialidades", queixava-se que tinha que contratar um assessor de imprensa, lamentando não poder ser ele a falar sobre o processo. Actualmente pode falar mas nada diz relativamente aos factos de que é indiciado, agora fala o advogado, José filosofa e reúne músculo à sua volta.
Estando eu acusado de associação criminosa, este crime também foi tópico de conversa com o José. Na ocasião, adiantei que poderia ser uma possibilidade o José ser também acusado pelo mesmo crime.
Vida na cela - Afasta hipótese de ser acusado
José Sócrates corta conversa e recusa falar sobre o crime:
"Não quero falar mais sobre isso, desculpe João!" E assim afastou o José Sócrates a possibilidade de ser, ele e a sua "companhia", acusado do crime de associação criminosa. Para já, saiu de "Ébola" e está em liberdade.
Em reclusão - Organizados com uma finalidade
Expliquei-lhe o crime mas sem provocar um ataque de fúria:
"Desculpe, joão, criminoso, eu?" Com muito cuidado, com palavras de veludo, porque podia provocar mais um dos seus ataques de fúria, expliquei-lhe o "crime", demonstrando que no seu caso, de acordo com o que se dizia, existiu um programa criminoso, envolvendo várias pessoas.
Finalidade era só uma: emprestar o dinheiro:
"O quê?!" Sócrates pára e fita-me: "Repare, José, o Perna, o Santos Silva, as entregas de dinheiro, o advogado do Santos Silva (Gonçalo Ferreira), todos organizados com uma finalidade!" "João, está a delirar. Só faltava essa! Mais, se finalidade existia, era só uma: emprestar o dinheiro."