Pour épater les bourgeois" – Para estarrecer os burgueses. A expressão é francesa e tem que o ser, porque o nosso ex- -primeiro-ministro não se contenta com menos: tem sempre que ser "à grande e à francesa!" José Sócrates encaixa perfeitamente nesta expressão, pois tudo o que diz ou faz é para causar espanto e fazer-se notado. Na semana passada, em mais um exercício de pantomima televisionada, visitou os amigos que deixou para trás aqui em Évora. Começa logo aqui a representação, o gesto, a desonestidade intelectual de quem quer vender "banha da cobra": não foram amigos, foi o amigo.
Mas muito bem, acrescento eu. Um ato nobre, altruísta, que é reconhecedor de quem o apoiou. Está correto. Agora dizer que o gesto nada tem de política é algo que o "animal feroz" previsivelmente iria afirmar, como o fez, perante vários órgãos de comunicação social, conspurcando irremediavelmente o nobre gesto: já estava tudo previsto, programado, à semelhança das "manifestações espontâneas" de apoio que o José orquestrava a partir do interior do Estabelecimento Prisional de Évora, com o auxílio dos seus indefetíveis.
Mais uma vez o José arrancou gargalhadas aos que por aqui ficaram quando disse que os guardas tinham sido muito simpáticos. A mim, e a outros, quando os guardas chamavam o seu nome, gritando, dizia sempre com repulsa no olhar, nariz franzido expressando nojo: "Que animais! Não têm educação! Brutos!"
Não cumprimentava os guardas ao cruzar-se com eles de manhã, criticou as greves que fizeram, e, a cereja no topo do bolo, quando um guarda lhe solicitou que lavasse a cela, respondeu que o indivíduo não tinha nada a ver com a sua higiene, acrescentando que, se este escrevesse queixando-se, ele, Sócrates, escreveria porque sabia escrever melhor.
Vida na cela: DVD foram o pico de popularidade
O José foi estimado quando era "à grande e à francesa"
Estou a ser injusto com o nosso preso 44, que até teve os seu pico de popularidade aqui dentro: afinal, enquanto existiram DVD, "à grande e à francesa", o "Zezinho" era muito estimado entre os reclusos!
Em reclusão: Os guardas percebem quem é o José
Arrogante, jactante, agressivo, mal-educado, birrento...
Sejamos sérios: enquanto esteve preso aqui em Évora, durante dez meses, Sócrates foi arrogante, jactante, agressivo, mal-educado, e até fez birras. Afirmar agora que deixou aqui amigos e que foi bem tratado é pura mentira: os guardas foram-se apercebendo de quem era o José.
Fernando Pessoa caracteriza bem o nosso "Zezinho"
Quando me perguntam o que achei da visita de Sócrates aos "amigos" que diz ter deixado na prisão, respondo invocando Pessoa: "O Poeta é um fingidor, Finge tão completamente, Que chega a fingir que é dor, A dor que deveras sente." Assim é o nosso "Zezinho"!