A transparência deve ser uma das regras basilares das organizações da Economia Social.
O recente caso das Raríssimas reabre uma discussão que interessa a toda a Economia Social, onde se incluem cooperativas, mutualidades, associações altruísticas, fundações e as multicentenárias misericórdias. Quase 6 mil destas instituições possuem o estatuto de IPSS o que lhes atribui, em reconhecimento da importante ação social que desenvolvem, benefícios fiscais e acesso a financiamentos públicos.
Para além da espuma das coisas, para lá de efémeros aproveitamentos políticos sem dignidade e sem memória, interessará defender o essencial da Economia Social, uma economia diferente que pratica a democracia, gera emprego de qualidade e combate as desigualdades.
A transparência deve ser uma das regras basilares das organizações da Economia Social, o que as obriga a serem elas mesmas proativas na prestação de contas, sobretudo quando, como no caso de muitas IPSS, recebem dinheiros públicos.
Transferindo para a Economia Social responsabilidades constitucionais que são suas, o Estado não pode pretender uma espécie de "privatização" de obrigações que lhe competem.
Sólidas parcerias público-sociais deverão enquadrar a colaboração entre Estado e IPSS, em que o Estado vigie o uso dos dinheiros públicos (ex. Tribunal de Contas) e ao mesmo tempo estabeleça contratos com prazo suficiente (3 a 5 anos) para que a gestão das IPSS "respire" para lá do cerco das conjunturas.