Ao caso da CGD, a que a oposição se agarrou como cão a osso, o Governo responde agora com o caso dos 10 mil milhões que o Fisco deixou escapar para offshores, ao qual promete também agarrar-se com unhas e dentes. Se o primeiro caso incendiou os ânimos entre os dois lados, o segundo lançou ainda mais achas para a fogueira, onde arderam já todas as hipóteses de um debate político minimamente saudável.
O Diabo parece que sempre chegou, mas à cena política, transformada num verdadeiro ‘saco de gatos’, onde os principais protagonistas não são, como poderia esperar-se, os parceiros na ‘Geringonça’, mas os dois grandes partidos nacionais. Ironicamente, esta "guerra" ocorre numa altura em que o País vive um momento de descompressão por via do abrandamento da austeridade e da pressão externa e de sinais animadores na economia.
Os dois lados vão continuar a guerrear-se pelo esclarecimento dos ‘seus’ casos, mas a verdade não poderá apurar-se neste clima que contamina assuntos de Estado com rivalidades e até ódios pessoais, gerando as maiores inquietações sobre a viabilidade de consensos em momentos críticos com que o País possa vir a confrontar-se.