É escusado: nesta terra portuguesa não há meio termo, balançamos, à vez, entre um derrotismo deprimente e um triunfalismo exaltante. Por estes dias, a pretexto de uma sucessão de boas-novas, e de algumas proezas inéditas, é precisamente no segundo estado que estamos.
É uma euforia, um otimismo excessivo, diríamos mesmo irritante (…), que se apossou do país inteiro, a começar pelo supremo magistrado da Nação, que não hesitou em prever um crescimento da economia na ordem dos 3,2% no final do ano. Nem os aliados mais à esquerda na ‘Geringonça’ escapam ao otimismo algo cegante, não se coibindo de subir a parada das exigências para níveis tão exagerados como dez escalões na tabela do IRS…
Só a oposição não embandeira em arco (limitando-se a tentar desesperadamente chamar a si os êxitos na área da economia), mas outra coisa não se esperaria de uma oposição, ainda para mais ressabiada…
A vulnerabilidade do país não se coaduna com este excesso de euforia, que aliás é perigoso, como todos os excessos. Mas há uma explicação para o fenómeno, e é Miguel Torga quem a dá: "Temos de ser grandes em tudo, exatamente porque nos sentimos pequenos em tudo…".