A posição assumida pelo líder do PSD no caso da redução da Taxa Social Única (TSU) dos patrões não terá sido apenas mera jogada política. De facto, ela terá tido também a ver com uma mal disfarçada oposição a este aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN), que ficou clara nas declarações proferidas no fim de semana, em que Passos Coelho considerou o ritmo previsto da subida do SMN incompatível com a evolução económica e catalogou como "infantil" a visão de PS, PCP e BE sobre o assunto.
Diga-se que o pensamento do líder do PSD nesta matéria não se deve diferenciar muito do daquele sócio-gerente da cadeia Padaria Portuguesa que considerou que o debate sobre o aumento do salário mínimo é coisa que só interessa aos políticos, e que a prioridade deveria ser dada a novas mexidas na legislação laboral, para torná-la mais "flexível", que é o mesmo que dizer cortando nos direitos dos trabalhadores.
Imagine-se qual seria o sonho em comum de Passos e do sócio-gerente da Padaria: pagar o mínimo, reduzir a mão de obra, alargar o horário de trabalho, cortar no pagamento das horas extras, liberalizar despedimentos... Enfim, o paraíso patronal...