"Nunca os temas da Banca foram discutidos em profundidade em Conselho de Ministros [no governo PSD/CDS]"- com uma frase apenas, dita no contexto de uma entrevista, a líder do CDS pôs em xeque o antigo parceiro de coligação do seu partido, o PSD, cujo líder rejeitou a afirmação e não escondeu o incómodo que esta lhe causou, sugerindo que mais valia que a dirigente tivesse ficado calada. Mas a frase que fez estalar o verniz na direita terá sido tudo menos fruto de uma atitude irrefletida ou ingénua.
De facto, já em pré-campanha por Lisboa, Assunção Cristas terá pretendido, com tal afirmação, ‘sacudir a água do capote’ dos erros que conduziram ao escândalo BES, atribuindo as responsabilidades ao PSD, do qual lhe convém descolar. Só que, além do ‘tiro’ disparado contra este, a líder do CDS deu também um ‘tiro’ no próprio pé, ao admitir que assinou de cruz o decreto da resolução…
De qualquer modo, a pergunta que a frase ‘mortífera’ suscita é a seguinte: sendo já na altura o sistema financeiro um problema premente, o governo não discutia o assunto, ou apenas não o discutia com o CDS? Parece que o governo da PaF funcionava em grupinhos...