Em 1964, fui de comboio de Koblenz para Heidelberg. A chegada era às 11h23. Quando se ouviu o chiar dos travões que precede a paragem no destino, o ponteiro do relógio da estação foi das 11h22 para as 11h23. Nada que compare com os 11 minutos e 30 segundos do coche real entre o Palácio de Buckingham e a Abadia de Westminster… Tudo isto é resultado de um habit training de séculos, que acaba por moldar o caráter dos povos. É o ensinamento de Charlotte Mason: "Os hábitos da criança produzem o caráter do homem", aplicado, incessantemente, e desembocando em culturas de rigor.
É por isso que, no último dia do ano, volto à gestão do tempo e à organização do trabalho, que continuam fora dos currículos escolares, mas que, introduzidas desde já, podem mudar, em algumas décadas, o nosso continuado desleixo e subdesenvolvimento. É que o homem só muda por uma de duas vias: ou a educação ou a compulsão. Ora como ninguém opta pelo odioso da compulsão, fica a via sempre simpática do "ai o meu professor da primária!".
Fizesse Marcelo objetivo do mandato a adoção destes currículos, e iniciaria a mudança de cultura que ninguém ousou e os dirigentes desprezam porque não rende nas urnas. Ou renderá?!