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Miguel Azevedo

Um devaneio com 40 anos

Os novos públicos e as novas gerações dificilmente conseguem alcançar a importância que teve e tem um disco como ‘10 000 Anos Depois Entre Vénus e Marte’, considerado uma obra-prima do rock progressivo a nível mundial e lançado por José Cid em 1978.

Miguel Azevedo 24 de Dezembro de 2016 às 00:30
Culto... Os novos públicos e as novas gerações dificilmente conseguem alcançar a importância que teve e tem um disco como ‘10 000 Anos Depois Entre Vénus e Marte’, considerado uma obra-prima do rock progressivo a nível mundial e lançado por José Cid em 1978. E não conseguem porque é difícil ouvir hoje ‘10 000 Anos’ à luz da altura em que foi editado e projetá-lo à realidade da época. Antes da neve cair em Nova Iorque, do macaco que gostava de banana, da portuguesa bonita ou do grande amor de José Cid, já o cantor vislumbrava e sonhava com muito mais do que cabanas junto à praia.

O rock progressivo ou o space rock ainda eram um quase lugar estranho na Europa. De fora de Portugal chegavam influências de uns Pink Floyd, de uns Hawkwind ou de um Frank Zappa através dos seus Mothers of Invention, quando Cid se decidiu por uma obra impensável num país com uma ainda tímida história para contar na área da pop e do rock. José Cid gravou ‘10 000 Anos’ por carolice, devaneio, inspiração e visão artística.

Portugal nem sabia o que eram discos conceptuais, quando Cid idealizou, com base na ficção científica, uma história musicada em que, 10 000 anos depois da autodestruição da humanidade, um homem e uma mulher viajam de regresso para a Terra para a repovoar. O disco foi reconhecido como um dos 100 melhores álbuns de rock progressivo de sempre pela ‘Billboard’, reconhecido no site Progarchives.com e eleito pela Sputnik Music como uma das maiores obras musicais de todos os tempos. Há dois anos, Cid apresentou o disco pela primeira vez ao vivo no Coliseu de Lisboa.

O espetáculo, que foi gravado, tem agora uma restrita edição discográfica de luxo de mil exemplares em som surround, com CD, DVD e vinil, com um booklet igual ao da época e fotos do espetáculo, mais uma loucura de Cid, quase 40 anos depois. Para culto. Só à venda no Facebook do cantor.  
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