É comum ouvir dizer que o cidadão tem uma perceção negativa da Justiça. Esta afirmação, ouvida mesmo em quadrantes distantes da realidade da Justiça, para além de se esgotar em si mesma, pois a nada conduz, estrutura-se num axioma evidente e ideal, que nos apresenta o cidadão perante a Justiça, com a mensagem subliminar de que esta o maltrata.
O cidadão nunca está sozinho perante a Justiça. Está em conflito com outros e cada um assistido pelo seu mandatário, numa conflitualidade de interesses em que se torna difícil agradar a todos. Alguns terão uma perceção positiva da justiça, mas essa opinião, porque favorável e normalmente dissociada de casos mediáticos, pode nunca chegar a ter visibilidade social.
Os Tribunais Superiores muito têm contribuído, pela sua celeridade e pela qualidade das decisões, para o equilíbrio do sistema de Justiça. Mas, mais importante do que o equilíbrio, é a sua credibilidade social.
Por isso devemos trabalhar para o seu prestígio, para elevar a Justiça a um bem social, com a sua inquestionável inserção constitucional, permitindo não apenas a celeridade no acesso a todos os cidadãos, mas a sua realização no caso concreto.