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Pedro Santana Lopes

Pano de Fundo

Comunidades estão mais frágeis e sós porque o Estado se distanciou, está mais longe.

Pedro Santana Lopes 29 de Dezembro de 2017 às 00:30
Há mais de dois meses que corro o País de lés a lés. Terminei esta quinta-feira uma volta completa com a deslocação a duas Ilhas dos Açores.

Nesta volta de muitos quilómetros, fiz cerca de 60 sessões, contactei com milhares de militantes e ouvi muitos, muitos Portugueses. Calcorreei especialmente os territórios fustigados pelos incêndios, visitei casos de sucesso empresarial, reuni-me com os Parceiros Sociais, visitei hospitais, centros de dia, estive em escolas públicas, em colégios privados.

Não estou a escrever estas palavras para violar o compromisso de que não faria campanha neste espaço. Não quero dizer que sou melhor do que quem se me opõe. Hoje, o que quero aqui transmitir é uma avaliação que faço deste contacto ainda mais próximo com o nosso País, com os nossos compatriotas.

Esta avaliação fez-me concluir que os cidadãos e as comunidades estão mais sós e mais fragilizados porque o Estado se distanciou, está mais longe, e em alguns casos, desapareceu mesmo. A crise profunda que Portugal viveu deixou marcas maiores do que alguma vez aconteceu.

Posso dar exemplos tão díspares quanto o de doentes de hospitais de capitais de Distrito que voltam a ser transferidos para Lisboa por falta de especialistas ou por causa de equipamentos que não estão a funcionar; ou de pequenas ligações ferroviárias que mudam a vida das pessoas na Pampilhosa da Serra, em Castelo de Vide ou em Arouca, que estão há anos por concretizar; ou hospitais centrais, como em Faro, em Évora ou no Funchal, que há anos estão prometidos, existe até uma primeira pedra, mas nunca mais arranca a sua construção; ou as novas barragens no Rio Balsemão, em Viseu, ou no Pisão, em Portalegre, que tanto podiam contribuir para garantir o abastecimento de água àquelas regiões; ou a requalificação da Linha do Oeste e a eletrificação de 30 quilómetros de ferrovia em Beja.

O contraste é ainda maior se lembrarmos os insuficientes, desadequados e demorados apoios aos agricultores, desde o Minho ao Alentejo, por causa da seca extrema. Noutro plano, a questão da Base das Lajes, relevante para a Saúde das pessoas e para o equilíbrio ambiental, mas também estruturante para a economia e o emprego de toda a Ilha.

A questão, nestes assuntos tão variados, é a de que o Estado não responde, cala-se, ignora. E Portugal parece que andou anos para trás, principalmente, porque não houve e não há dinheiro que chegue. Este é o pano de fundo daquilo que vou encontrando. E não falo aqui dos infindáveis atrasos na Justiça ou das trágicas faltas e falhas da Proteção Civil.

Não estou aqui a apontar a Governos nem a falar de candidaturas. Falo de Portugal, dos Portugueses e do Estado. O Estado está menor e pior. Com tudo o que tenho encontrado, só reforcei a convicção de ter tomado a decisão certa para poder realizar aquilo em que acredito. 

Séries e inteligência artificial
Cada vez mais imperdíveis foram, neste ano de 2017, as séries da Netflix. Já está disponível a segunda temporada da ‘The Crown’ e a terceira da ‘Narcos’, entre outras. A primeira série é uma história biográfica sobre o reinado da Rainha Elizabeth II do Reino Unido.

A segunda é a famosa história baseada na luta contra o narcotráfico na Colômbia nos anos 90. Cada vez mais essas séries vão ocupando o lugar dos canais de televisão que nos sobrecarregam com telejornais sem fim e com programas de futebol.

Mais imperdível também, no rescaldo de 2017, é o percurso de Sofia, o robot do tempo da Inteligência Artificial que cada vez mais nos anuncia uma nova Era. Sofia, que falou ao mundo durante a segunda edição da Web Summit em território nacional, não deixou ninguém indiferente. 

Benfica foi bom e mau
No balanço do ano, em matéria desportiva, a nota principal tem de ir para o Benfica, que alternou entre o Muito Bom e o Muito Mau. Conquistou o tetra no futebol, mas acabou o ano a ser eliminado da Champions, da Taça de Portugal e da Taça da Liga, ficando o Sporting e o FC Porto à frente.

Ainda por cima, viu-se envolvido em polémicas que é impossível seguir com atenção. Aliás, o ano no futebol fica marcado  por essas acusações contínuas entre os três grandes. Até quando? 

FIGURAS
LUA CHEIA
Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente da República foi o melhor do ano. Sem dúvida. E hoje, depois da operação de emergência pelas mãos de Eduardo Barroso, todos desejamos a rápida recuperação do Chefe de Estado. 

QUARTO CRESCENTE
Mário Centeno
Goste-se, ou não, o Ministro das Finanças foi eleito Presidente do Eurogrupo. Vamos ver no que dá, mas liderar o grupo informal dos ministros das Finanças do Euro é, sem dúvida, uma distinção.

QUARTO MINGUANTE
Carles Puigdemont
Independentemente de tudo o resto, e mesmo com a nova maioria dos independentistas na Catalunha, a sua atuação em Barcelona e em Bruxelas foi tudo menos compreensiva. 

LUA NOVA 
Marine Le Pen
Símbolo dos extremismos que tentaram tomar a Europa este ano, mas que felizmente ficaram muito aquém do pretendido. Ela foi o símbolo forte desse falhanço.
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