No quadro da discussão das propostas de alteração na especialidade ao Orçamento do Estado para 2018 poucas iniciativas serão mais chocantes que a reprovação da proposta do PSD para isentar de IMI as famílias e empresas que viram as suas casas ou instalações destruídas pelo fogo nos incêndios deste ano.
Todavia, numa outra matéria mais estrutural da nossa vida em sociedade, a decisão do Parlamento é também passível de igual perplexidade.
No próximo dia 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, veremos múltiplos governantes e responsáveis públicos a apelar à plena inclusão dos cidadãos com necessidades especiais na sociedade, em todas as suas dimensões: no emprego, na habitação, nos transportes e mobilidade, na educação, no lazer e no desporto.
Alguns, até, não deixarão de evocar os exemplos de superação a que vamos assistindo nos diferentes quadrantes.
Em contraponto, a maioria dos nossos Deputados entendeu não aprovar a proposta do Bloco de Esquerda para promover a equiparação progressiva das bolsas de apoio aos atletas paralímpicos àquelas que são auferidas pelos atletas olímpicos, a concretizar entre 2018 e 2021. Presentemente, um atleta paralímpico recebe cerca de um terço da verba recebida por um atleta olímpico do mesmo nível.
Em Braga, após a tomada de posse do Executivo Municipal em 2013, uma das primeiras iniciativas que eu tomei prendeu-se com a generalização dos apoios à formação desportiva para o desporto adaptado.
Por sua vez, no Regulamento de apoio aos atletas olímpicos e paralímpicos do concelho, as bolsas atribuídas são exatamente do mesmo montante, para igual nível de desempenho.
Mas, em verdade, este é um dos casos em que me entristece saber que os cidadãos de Braga são mais iguais do que os outros.