A prisão de José Sócrates deixou a Justiça sob uma pressão sem precedentes. Uma realidade que o ex-primeiro-ministro e os que mais assumida ou discretamente o apoiam têm explorado de todas as formas possíveis, politizando e mediatizando o caso o mais que podem. Agora, receberam um presente inesperado – ou não – na forma de entrevista do juiz titular do processo. Poucas coisas serviam melhor Sócrates do que a exposição de Carlos Alexandre. A entrevista foi um erro, agravado por não ser a última nesta fase. Basta ver as reações e o mais do que previsível aproveitamento feito pela defesa de Sócrates, que vai pedir o afastamento do magistrado.
Só faltou dizer "Obrigado, sr. juiz!". Apesar deste, nos seus despachos, já apontar a culpa do ex-primeiro-ministro. Decisões que, importa não esquecer, têm sido ratificadas por juízes de tribunais superiores.
As condições em que trabalha são relevantes e as suspeitas de ser escutado graves, mas como seria de esperar acabaram em absoluto plano secundário.
Nunca o desfecho do caso Sócrates foi tão decisivo para o futuro da Justiça. Até porque o juiz Alexandre arrasta com ele uma série de outros processos relevantes para a confiança dos cidadãos nos tribunais.