Há uma empresa portuguesa que tem como clientes as agências espaciais dos EUA, Europa, China e Japão. Nasceu em Coimbra e tem sucursais em vários continentes. Esta semana inaugurou instalações no Porto, onde passou a produzir algum do software mais sofisticado do Mundo, que ajudará a segurar aviões no ar e comboios nos trilhos.
Durante a cerimónia, ao som de Pink Floyd, tocado ao vivo por uma banda de engenheiros que exibia o melhor do rock de garagem, num dos pisos do prédio adquirido e reabilitado pela Critical Software no coração da Baixa, o CEO da empresa explicou a razão de ter apostado no Porto. Gonçalo Quadros quer que a sua empresa seja contaminada pela criatividade de "uma cidade que tem DNA tecnológico" e a que chamou "bonita, sexy e vibrante".
A Critical Software não é a primeira. Ao Porto têm chegado ultimamente dezenas de empreendedores estrangeiros e nacionais, que se aliam às startups da nossa Academia. Talvez por isso tenha ouvido, minutos depois, o Secretário de Estado da Indústria confessar que "começa a ser rotineiro vir ao Porto todos os meses inaugurar investimentos tecnológicos". E que, vindo de Londres, onde se reuniu com dezenas de empresas tecnológicas e investidores, constatou que "o Porto está no radar de todos".
O CEO da Critical ou o membro do Governo que o secundou nos discursos de inauguração, ao justificarem as razões da atratividade que o Porto exerce hoje sobre as empresas da área da inovação, estavam, no fundo, a concordar com o que escrevo e digo há vários anos sobre a competitividade das cidades. Que não é hoje apenas avaliada pelas condições financeiras de instalação, pela segurança que irradiam ou pela capacidade de escoar os seus produtos.
A competitividade das cidades e a capacidade para atraírem investimento e, logo, emprego, dependem em boa parte do ambiente empresarial e académico que proporcionam. Mas dependem também, muito, do desenvolvimento social e cultural que apresentam. Do cimento que sustenta os pilares do território. Da oferta cultural que as torna, além de confortáveis, interessantes. Como diz Gonçalo Quadros, o Porto é uma cidade "bonita, sexy e vibrante". Três adjetivos que irradiam da sua alma e caráter, que precisam ser cultivados e regados. Que se inserem no domínio cultural. E são fatores decisivos de atração de investimento e criação de emprego.
Regresso à baixa do Porto
Após 16 anos, o Cinema Trindade voltou a abrir as suas duas salas à exibição regular. É um facto histórico, porque marca o regresso do cinema à Baixa da cidade do Porto, depois de a cidade não ter conseguido reagir em tempo à ofensiva dos Centros Comerciais. Este regresso, ajudado pela Câmara Municipal do Porto através de um programa de incentivo que inclui o cartão Tripass, que também dá acesso a descontos e ofertas no Passos Manuel e no Rivoli, será brevemente complementado pelo trabalho de criação e investigação, mas também exibição, que será desenvolvido no Batalha. Estes impulsos dados pela autarquia não substituem, contudo, o mais importante: o público. Por isso, aconselho: se vai ao cinema, considere ir ao Trindade. Não estão lá apenas as fitas. Está também a magia.
O humor de António Costa
Elogiando o Porto por ter vencido a distinção de Melhor Destino Europeu, o Primeiro-Ministro, António Costa, com o humor que o caracteriza e aprecio, desafiou o autarca de Lisboa a "ganhar ao Porto" no próximo ano. Esta afirmação, que interpretei, sublinho, com humor e tomei como elogio, foi lida nas redes sociais de forma diferente por alguns portuenses que não gostaram. De facto, Lisboa não pode ganhar ao Porto, pela simples razão de que o vencedor não pode ser nomeado no ano seguinte. O Porto está disponível para ajudar Lisboa a ganhar, oferecendo o conhecimento e experiência de quem já ganhou três vezes. É que quando o Porto, Lisboa ou a Madeira ganham um prémio, é todo o País que beneficia e ninguém perde.
PROTAGONISTAS
GNR
Os 35 anos e um concerto apoteóticoO concerto dos GNR no Coliseu do Porto não foi apenas apoteótico. Foi um exemplo raro de profissionalismo, com uma escolha perfeita de repertório e uma produção de excecional nível.
LuisãoUm grande jogadorA marca dos 500 jogos só por si já diz muito. Mas eu vi a sua exibição no Estádio da Luz, contra o Borussia de Dortmund, e dei por mim a pensar que a sorte também se procura, com jogadores desta estirpe.
As praxesÉ preciso respeitar os limitesNada tenho contra as praxes académicas, desde que respeitem os limites. A notícia de que apareceram cruzes suásticas e saudações nazis, em Braga, não pode ser tolerável. Há que ter juízo.
LeixõesA bem do norteCom pouca cobertura mediática, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, veio a Matosinhos anunciar o novo plano de investimentos. O terminal de águas profundas vai sair do papel. Uma boa notícia para a região.