Crescemos olhando um mundo dividido entre democracias e ditaduras. Na Europa, o Bloco de Leste era o paradigma do ‘socialismo-democrático’ que pouco ou nada tinha de socialismo e menos de democrático. No Sul da Europa, mas também na América Latina, proliferavam as ditaduras de direita, suportadas por ideologias fascistas, mas que, na prática, não se distinguiam muito dos regimes de esquerda.
Os limites à liberdade de expressão, de circulação, de reunião e associação eram marcas comuns. Assim como a propaganda e a opressão. E havia as democracias, onde os Estados Unidos da América eram exemplo e a Europa central era o guião das garantias individuais e da ética. Nestas democracias, a economia funcionava a favor dos cidadãos, que viam os seus direitos sociais crescerem e o nível de vida disparar. Já nas ditaduras, a economia definhava, os números de produção agrícola e industrial, quase sempre falseados pela propaganda, atiravam para a pobreza as populações oprimidas.
Quando no final do século XX tudo começou a mudar e as ditaduras na Europa e na América Latina deram lugar a sistemas mais democráticos, ou aparentemente mais democráticos, seria razoável adivinhar um mundo melhor, mais aberto, livre e equilibrado. Contudo, o século XXI não confirmou essa visão idílica.
A Europa próspera entrou em crise económica e social, a globalização trouxe a concorrência desleal com economias emergentes onde nem sempre os direitos sociais são respeitados e onde a marca é a exploração da mão de obra, e os EUA, que nunca desenvolveram um verdadeiro Estado Social, foram incapazes de ser o motor económico do mundo. Hoje, o mundo continua dividido entre o democrático e o ditatorial, que agora encontra terreno fértil no Oriente distante mas também em terrenos bem mais próximos da Europa, pela cruzada islâmica. E aqui é que reside o grande problema.
Ao contrário do que acontecia quando crescemos, as democracias já não são o paradigma social dos direitos e dos ganhos de nível de vida. E as ditaduras mostram progressos e riqueza, cidades sem pobres e novos direitos sociais. E como respondem os estados democráticos da América e da Europa livre? Com populismo e um novo extremismo. E aqui reside o grande risco: o risco de, subitamente, o mundo livre ser apoderado por um discurso que acena com prosperidade em troca de liberdade e que propõe, em nome de bem-estar, racismo e um novo fascismo. No fundo, propõem-se novas ditaduras.
Álvaro Siza em Serralves
O projeto com que Álvaro Siza venceu, em 2011, o concurso internacional para criação do novo acesso e centro de visitantes do complexo de Alhambra, em Granada (Espanha), dá o mote para a exposição ‘Visões da Alhambra’, patente no Museu de Serralves. A exposição integra desenhos, esboços, maquetas, filmes, entrevistas, fotografias e livros relacionados com o que pode ser considerado um dos mais importantes desafios da carreira do premiado arquiteto português. Alhambra, declarada Património Mundial pela UNESCO em 1984, é uma das mais completas cidades palatinas do mundo e o local da última grande civilização islâmica na Península Ibérica. A exposição está patente na Fundação Serralves até 28 deste mês e é uma boa oportunidade para revisitar a visão sempre estimulante do arquiteto.
Semana quente nas redes sociais Não posso ignorar o facto mais debatido nas redes sociais. O meu movimento reuniu esta semana a comissão política. Analisada a situação e as tentativas do PS nacional em contrariar o PS do Porto e transformar aquilo que era um apoio à nossa candidatura numa espécie de coligação, decidimos reagir e não aceitar pôr em causa o caráter da candidatura lançada pela cidadania há quatro anos. Não posso deixar de registar os comentários e mensagens que vieram de todo o lado, apoiando a nossa decisão de não deixar que os princípios de independência que são a nossa marca fossem beliscados. Aproveito para agradecer a todos os que se manifestaram na minha página de Facebook e mostraram o seu apoio. Obrigado.