Eram 13h10, mais coisa, menos coisa. Pedro, um nome fictício para este homem de 46 anos, entrou de rompante no banco Santander Totta de Mem Martins, em Sintra.
Nervoso, muito nervoso, começou por colocar a mão atrás das costas, como quem se prepara para sacar uma pistola ao melhor estilo de uma série televisiva norte-americana. Então, o grito ecoou. "Isto é um assalto! O dinheiro ou a polícia!". Fez-se silêncio. Os três clientes, o gerente e o funcionário ficaram tão assustados como confusos. Como assim, dinheiro ou a polícia? Isto é uma escolha, qual Preço Certo? Podemos entregar o dinheiro ou chamar a PSP, é isso? Não, deve ter sido um engano do senhor meliante, com toda a certeza.
As questões iam passando pelas cabeças de todos os presentes na dependência, mas uma pergunta em falso numa situação de tamanho stress poderia acabar com um eventual tiro. O que deve ser coisa para aleijar. "O dinheiro ou a polícia!", repetiu. Ok. Esclarecido. Sendo assim, chamamos já uma patrulha ao local, obedecendo à sua excelentíssima vontade.
O caso foi noticiado pelo CM e passou-se ao início da tarde do passado 10 de agosto, no Largo do Cruzeiro. Quem tomou as rédeas da situação foi o funcionário do Santander Totta. Percebeu que aquele não seria um assalto normal, muito menos violento. Acalmou-se e acalmou o ladrão, afinal sem qualquer pistola.
Conseguiu convencê-lo a saírem daquela zona do balcão e dirigiram-se ambos para o átrio, junto a uma caixa Multibanco. Entretanto, chegou a PSP, que deteve o homem. "Eu queria ser preso", referiu aos agentes, numa frase que inicialmente soou ao "isso nem me doeu" de um qualquer miúdo que quer mostrar-se forte após um valente cachaço no recreio. Porém, rapidamente, Pedro começou a justificar a sua loucura. Acumulou uma quantidade considerável de dívidas e não consegue pagar as contas a tempo. Mais: encontra-se a atravessar um complicado processo de divórcio, sendo diariamente chateado pela ex-mulher e outros familiares. Realmente, antes a cadeia.
Esgotado, Pedro planeou um não-assalto. Não tapou a cara, não levou uma arma. Nada. Mais valia ter gritado: "Isto nem é bem um assalto, mas, se fazem o favor, fingimos todos que o é para eu ser detido, pode ser? Grato pela atenção." Não se sabe bem como terminou a história, mas, sem cadastro e com um crime ligeirinho destes, é provável que o homem tenha ficado em liberdade. É preciso ter azar.