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Stella Kyriakides

Cancro — um combate europeu

Cancro é uma doença grave que afetará 40 % dos cidadãos da UE em algum momento da sua vida.

Stella Kyriakides 4 de Fevereiro de 2020 às 01:14

Na Europa, todos os dias são diagnosticados novos casos de cancro. Na Europa, todos os dias os doentes, as suas famílias e amigos têm de lidar com as emoções que acompanham um diagnóstico de cancro: incerteza em relação ao futuro, choque, tristeza, raiva ou desespero.

O cancro é uma doença grave que afetará 40 % dos cidadãos da UE em algum momento da sua vida. Em Portugal, 27 000 pessoas morrem anualmente de cancro. Se não tomarmos medidas, o número de casos de cancro na UE vai duplicar até 2035. Se não invertermos esta tendência alarmante, o fardo que o cancro representa para as nossas famílias, os nossos sistemas sociais e de saúde e as nossas economias continuará a aumentar.

Como comissária europeia da Saúde e Segurança dos Alimentos, a redução do sofrimento provocado pelo cancro na Europa está no topo das minhas prioridades. A luta contra o cancro é uma prioridade de saúde para os nossos cidadãos, bem como para a Comissão von der Leyen. A esperança depositada em nós é grande e estamos determinados a ser mais ousados e a alcançar melhores resultados.

Para mim, há apenas uma forma eficaz de luta contra o cancro: tornando-a uma prioridade comum de toda a Europa. Acredito que o potencial de mudança é enorme, mas só se unirmos as nossas forças, dos decisores políticos aos profissionais de saúde, dos representantes dos doentes à indústria e, sobretudo, com os nossos cidadãos. Hoje, sabemos que até 40 % dos casos de cancro são evitáveis, o que significa que as possibilidades de agir para salvar vidas são muitas.

É esta capacidade coletiva e este potencial de ação que quero mobilizar com o futuro plano europeu de luta contra o cancro. O cancro é uma doença complexa e temos de atender a todas as suas dimensões, desde o que comemos até à acessibilidade dos medicamentos, aos cuidados adequados, à tecnologia apropriada e à colaboração de setores e indústrias à margem do setor da saúde, incluindo o ensino, o ambiente, a agricultura e a investigação. Todos os intervenientes de todos os setores devem contribuir.

Através do plano europeu de luta contra o cancro, tomaremos medidas em todas as fases da doença, da prevenção à deteção, ao tratamento, à cura e aos cuidados paliativos.

Temos de melhorar a prevenção e o diagnóstico do cancro. É sempre preferível prevenir um cancro a curá-lo e a nossa prioridade é evitar, logo à partida, que os cidadãos tenham cancro. Se os ajudarmos a ter vidas mais saudáveis — comer melhor, fazer mais exercício, beber menos álcool e não fumar — podemos reduzir o número de cancros. Se trabalharmos para alargar a cobertura da vacinação e as ações para, por exemplo, melhorar a qualidade do ar nas cidades, podemos também fazer a diferença.

Se ajudarmos os nossos cidadãos a entender melhor a importância do rastreio do cancro e do diagnóstico precoce, é possível salvar ainda mais vidas. Para tal, recomendamos que todos os Estados-Membros tenham programas nacionais de rastreio certificados.

Embora a nossa prioridade seja fazer tudo para prevenir o cancro, temos de garantir que os doentes com cancro e as suas famílias recebem o apoio e os cuidados de que necessitam. Isto inclui o direito fundamental de igualdade no acesso à medicina e a tratamentos inovadores.

Porém, a saga do cancro não termina com o fim dos tratamentos. Os que sobrevivem ou vivem com a doença merecem que as suas vidas recuperem estrutura e segurança. Não devem ser discriminados e estigmatizados nem enfrentar barreiras para regressar ao trabalho.

Temos de reunir e juntar as diferentes peças deste imenso quebra-cabeças, para termos uma visão clara do conjunto. Damos hoje o primeiro passo deste combate comum. Aguardo com expectativa a oportunidade de ouvir ideias e preocupações dos portugueses e trabalhar com as autoridades portuguesas para lograrmos uma mudança para melhor. Juntos, ousemos mais na luta contra o cancro. Juntos faremos a diferença.

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